444 anos da Cidade Maravilhosa
Comemoração do aniversário da cidade aos pés do Cristo Redentor. Eduardo Paes não estava lá. Aposto que Gabeira estaria, meditando ao ar livre.
No zodíaco, o Rio é peixes. Eu sou aquário, logo, o Rio está dentro de mim assim como algumas outras poucas cidades do Brasil.
O cardeal-arcebispo da cidade, [do tempo de don-]dom Eusébio Scheid abençoou a cidade em diversas línguas e, depois, soltou uma pomba branca. Vocês percebem? Pomba branca e em diversas línguas. Aposto que se esqueceu de abençoar em português. Nem o governo nem a igreja estão preocupados com o brasileiro, o carioca. O que interessa são os turistas. Por isso ‘choque de ordem’ na Zona Sul e Barra. Enquanto isso, apesar da benção, casas continuam sendo derrubadas por árvores ou chuva a cada nova enchente.
Por falar em enchentes, todo mundo sai ganhando quando o Rio está boiando na chuva:
Tudo começa com os camelês, vendendo guarda-chuva descartável a R$ 5,00.
Depois disso o trânsito pára e os ladrões assaltam os motoristas no engarrafamento da Av. Brasil. Neste momento quem comemora são as lojas que vendem celulares.
A chuva derruba casas e/ou o vento derruba árvores em cima de casas e os donos de lojas de material de construção (que fazem contrato com operadoras de cartão de crédito) fazem festa.
Passados os dias de chuva, o pobre tem que comprar material de construção. Com cartão de crédito, claro. No fim do mês, é a vez das instituições financeiras comemorarem, com direito a festa no Vivo Rio e tudo o mais, comemorando o número recorde de trabalhadores que venderam seus nomes – único bem dos mais pobres – para reconstruir suas casas.
No fim das contas, foda-se. O que importa é que não vamos ter mais violência (ou a benção foi à toa?) e já posso sair com meu fone Bluetooth pela Praça do Estácio [de Sá, que fundou a cidade em 1565] por volta de 00h30min sem medo de ser assaltado, afinal a Polícia Militar está aí para servir e proteger, há 200 anos!
Por falar em polícia, em breve o blog vai ter outra página, provavelmente chamada Violência (ou Mundo Cão, ou Rio de Janeiro; tudo sinônimos), contando as experiências de um atendente de um serviço de emergência.
Postagem um pouco atrasada, não? Sorry!
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postado originalmente em http://airtonbolquett.wordpress.com/