Apresentação no centro cultural
Cavaquinho, violão de sete cordas, violão de seis cordas, pandeiro, surdo e um trombone de vara: esse era a composição do conjunto de choro que estava apresentando no centro educacional, a música era boa, aliás, muito boa mesmo, eles pareciam ter ensaiado muito, havia mais que uma sincronia musical, rolava uma espécie de amizade musical entre aqueles integrantes, mas não vim aqui falar desse grupo, vim aqui para falar do acontecido comigo naquele local, onde o choro tomava dimensões próprias. O som agudo do bandolim contrastava com o som grave do trombone e dava a aquele grupo um som diferente e ao mesmo tempo empolgante.
No canto esquerdo perto da janela se encontrava uma linda mulher, de cabelos longos e pretos, vestido azul, uma beldade. Fitei-a de longe, e ela percebeu, fiz um sinal que depois queria conversar com ela, não fui correspondido, mas fiquei a espera de ter uma chance até o final da apresentação do grupo de choro.
Tomar decisões é muito difícil, mesmo quando se conhece o terreno onde se pisa fica difícil, pois para cada ação existe uma reação, e tomar decisões em se tratando de pessoas que não se conhece é muito mais difícil ainda, decidi arriscar, o máximo que poderia acontecer era eu receber uma reprovação vinda daquela linda mulher.
Entre o intervalo do primeiro e o segundo tempo vi ela pegar um estojo de instrumento musical e pegar uma flauta, até aquele momento eu nem imaginava que aquela garota era flautista, e nem muito menos que iria se apresentar com aquela turma do choro. Fiquei mais fascinado ainda com aquela mulher, lembro que ela tocou Apanhei-te cavaquinho e Espinha de bacalhau, executou otimamente, e no final com desculpa de pegar um autografo fui ao seu encontro, joguei meu xaveco, que não deu certo. Fazer o quê, nem tudo é do jeito que a gente quer.