Um dia...
Um dia,estando eu sem vontade de ir nem de vir, resolvi ir para não sei onde.Quando já ia chegando, perguntei a ninguém onde estava e sem ter quem me respondesse, eu fiquei sabendo que me encontrava no país dos sem miolos, capital das ilusões.Foi quando eu me lembrei da carreira que levei do homem que amava na beira da praia e que interrompeu seu amor, dez da noite, porque uns moleques jogaram pedras lá do fundo do quintal e o homem estava armado literalmente armado. Lembrei-me do sexo com as cabras e elas pisavam os nossos pés da gente e berravam e podia chamar a atenção da mãe da gente.Fui lembrando do primeiro beijo e da primeira namorada.Caminhando por entre as brumas das lembranças e das cinzas do esquecimento esquecia dos sacrifícios que os pais faziam para pagar colégio onde só estudavam os filhos dos ricos.Lembrança da prima que ensinou os primeiros passos eróticos e que a mãe disse que era falta de vergonha. Da briga que teve com um menino moreno e mais alto do que ele,o Cebolinha,onde apanhou mais do que surrou.Da tristeza que teve, dois meses depois, quando soube que Cebolinha tinha se s suicidado pulando do alto do IAPC. Da namorada que o Edmundo tomou e fez pouco. Da única farda do colégio que tinha que ser lavada toda sexta-feira. Do banco da praça que não existia e do pensar, pensar, recordar e sentir que chovia dos seus olhos.