A INTERNET É UMA DROGA?

Nunca fui adepta das drogas e sempre que me perguntam sobre o assunto, digo que isso se deve a dois fatores: em primeiro o posicionamento do meu pai que sempre me fazia ler tudo o que surgia na imprensa sobre o assunto, desde reportagens daqueles jornais “sangrentos”, de baixa qualidade, até pesquisas médicas em publicações especializadas, forçando a uma discussão do assunto, para que ele soubesse o quanto eu tinha entendido. Em segundo lugar por medo, medo mesmo do que falavam... O vicio é fácil de ser adquirido. E eu nunca gostei de qualquer tipo de escravidão.

Ai eu me pergunto: e o vicio do cigarro? Não é uma escravidão?

Vou mais além... E a internet, não é também, hoje, minha maior escravidão?

Claro que como todo bom viciado, tenho minhas defesas, como por exemplo, o fato de não ter minha saúde comprometida pelo cigarro (sic!) ou na Internet ter um mundo de informações e conhecimentos de uma forma nunca antes conhecida!

Quando jovem, ao me oferecerem um “barato”, sempre falava que meu barato eu adquiria indo a um Parque de Diversões... Que lá liberava meus fantasmas, minha adrenalina, minha viagem.

Quando conheci a internet (e isso nenhuma mulher gosta de admitir), o fiz em salas de bate papo, para conhecer o que “rolava”. Somente como observadora!

Em poucas “tecladas” eu estava sendo consumida pela energia que nos prende e fascina. Mas qual é essa energia? Qual o nome que podemos dar, cientificamente a ela? Os esportistas falam em adrenalina, seria correto utilizarmos também nos relacionamentos virtuais?

Já foi feito um estudo por cientistas, que mostrou as diferenças sofridas no cérebro das pessoas que verdadeiramente se amam, através de exames de ressonância magnética, e o quadro de mudança sofrida pelas áreas do cérebro é realmente uma coisa espantosa!

Porém nem mesmo esses cientistas conseguiram “isolar” o elemento químico que faz tantas alterações no corpo, como o acelerar de coração, o brilho intenso nos olhos, a mansuetude nos atos, a intensa mudança das áreas cerebrais.

A internet produz essas mesmas alterações nas pessoas, só que em fases distintas!

Quando começamos a utilizá-la, somos como chamam comumente “carne nova”. Novatos mesmo que se tornam caça de usuários mais experientes. E aqui não estou me referindo a hacker ou invasores de maquinas não. E sim de invasores de sentimentos, energia, amor virtual, seja lá o nome que se queira dar!

Passamos a viver 24 horas com essa energia, não esperando a hora de ver o “nick” do grande amor ficar on line! Nesse instante somos seres perfeitos em total integração. O sentimento que nos une é o mais lindo e puro de todos. Nenhum mortal pode ser mais feliz!

Até descobrir que tudo aquilo foi inventado! Que realmente o amor que tínhamos era por uma fantasia! Descobre-se a mentira, a traição, o jogo em si!

Ao sair dessa neura que o fato nos acomete, percebemos que fomos “batizadas” na Internet. E também mudamos de classe social do meio. Não somos mais caça, somos agora caçadores!

Imagina que absurdo estou falando! Nós mulheres nos prestarmos a uma coisa como essa? Oras... Caia na real! Nós mulheres também o fazemos, sim! Se bem que muitas odeiam ter que admiti-lo! Porém somos mais discretas e sempre damos a entender que mais uma vez somos vitimas do cruel mundo masculino, afinal temos que preservar a nossa figura de fragilidade.

A pergunta que fica é: O que de fato acontece na mente para que sintamos esse jogo como algo tão estimulante? Qual substancia química é liberada e que faz com que nós, mesmo sabendo que não nos trará nenhum beneficio maior (salvo raras exceções) continuemos com esse brincar adulto? Seria mais uma droga produzida pelo nosso cérebro? O contato mais próximo e direto com a energia elétrica, o campo magnético formado está alterando nosso comportamento?

Digo sempre que tudo tem um preço e que no caso dos jogos virtuais, o preço é sempre a bagagem psicológica que se deve ter para suportar as conseqüências. E como num cassino, as apostas devem ser feitas de acordo com esse cacife.

Quantas fichas você possui? Esse é um jogo que não permite empréstimos. Ou você tem ou não tem as fichas para jogar!

Senhoras e senhores... Façam suas apostas!

Santo André, 18.10.05 – 15:30 h