Pobre gosta de luxo
Edson Gonçalves Ferreira
Conversando com um arquiteto sobre os projetos feitos na cidade de Divinópolis e, claramente, mostrou sua insatisfação, explicando que concorda com a famosa frase de Joãozinho Trinta: “Pobre gosta de luxo, quem gosta de pobreza são os intelectuais”. É claro que, talvez, tenhamos errado na transcrição da fala do carnavalesco, pois faz tempos que ele disse isso, mas nós concordamos com o arquiteto e com o carnavalesco.
Até hoje, nenhum político tomou a iniciativa de construir a sede própria da Prefeitura, Biblioteca Pública Ataliba Lago, da Academia Divinopolitana de Letras e, antes que da construção, já alertamos que o povo espera que seja construído um prédio fantástico e não um caixote de concreto que enfeará o local onde esperamos que ele seja construído: no disputado terreno dos franciscanos, tendo ao lado magníficos jardins.
Ouvimos outras pessoas: engenheiros e arquitetos e eles explicaram que não precisa ser obra de Niemeyer, porque, em Minas Gerais, temos engenheiros e arquitetos fantásticos que têm competência para assinar um projeto bonito. E, no ensejo, trocamos idéias sobre aquelas “bolotas” de concreto colocadas nas calçadas, quando, na verdade, ali comportaria vasos enormes, com árvores já crescidas. Agora, com o novo prefeito – quem sabe – preparando a cidade para as comemorações do seu centenário de emancipação política, seja feito algo mais arrojado.
Uma coisa é certa: o povo quer ruas e avenidas largas e bem arborizadas, quer ver o rio Itapecerica e as lagoas preservadas, quer um belo Pronto Socorro, um Velório Público bem feito, etc. Todo mundo, quando conversa conosco, fala da lagoa da Sidil que, uma vez recuperada, deverá ganhar um gramado e canteiros a sua volta e, depois, passarela para caminhada e, oxalá, uma ciclovia que, ainda, não existe na Divina-pólis. Fica registrado, pois, quem gosta de pobreza são os intelectuais, pobre gosta de luxo, basta olhar a elegância da nossa gente, caminhando pelas ruas ou desfilando na Sapucaí. E, em tempo, que, quando de inaugurações, contratem uma orquestra sinfônica para tocar, em praça pública, para o povo que adora música boa, mas tem que engolir muito lixo tocado pela mídia.
Publicado no Jornal Agora de 19.03.09