POLÍTICOS Vs ELEITORES

O maior inimigo de um eleitor é um medíocre político; assim como o maior mercenário de um político é um medíocre eleitor.

Nos dias que antecederam campanhas políticas vividas por mim nos anos pares, vi muitas coisas e ouvi muitos comentários idiotas. Tipo: “eu quero é que fulano se eleja para assim eu mamar na vaquinha pública”; “se fulano perder eu estou fodido, meu emprego já era!”; “pula, pula, pula para o lado de cá”... E vários outros.

No exato dia da votação, você sai às ruas para votar, e lhe chega logo uma pessoa perguntando: e aí, tem quanto a me dar prá que eu vote no seu candidato? Eu respondo, estou liso e não apoio candidato nenhum. Com um tempinho vem outro babaca e me diz: e aí, quer quanto prá votar em meu candidato? Respondo a ele: vender o voto é se prostituir. Já diz o ilustre Benito Barros – sociólogo e escritor macauense. Ainda digo, olha Mané, voto preto no branco e não sou “rapariga” sua!

Vejo nessas rodinhas de bajuladores conversando sobre política, dizerem: “fulano é melhor... Não, não! Melhor é sicrano. E pergunto, melhor prá quem? Ah, fulano é melhor prá ele e sicrano é melhor prá mim! Puto da vida, eu pergunto: mas vocês não moram na mesma cidade ? Não pagam a mesma espécie de tributo ? E quem é melhor pra mim?

Em política, um político deve ser melhor para todo um curral. Se se coloca pasto na tina de um e não se coloca na tina do outro, alguém morrerá.

A consciência do geral é uma forma de repulsar o egoísmo dos idiotas.

Em política que fulano serve a um e fode o outro, assim como na que sicrano serve o outro e fode o resto, pode ter certeza que sempre alguém perderá. Quem ganhará? Não sei se existe ganhador. Não importa em quem se vota, em quem se escolhe, o que importa é se for fulano ou sicrano o ganhador, não deve existir o resto, o outro, o um a se beneficiar, mas nós.

“Nós”, é o real pronome da política. Em política tudo deve ser a terceira pessoa do plural.

Pior é que o eleitor de fulano fica com raiva de sicrano porque ganhou e se acha inerte para lhe cobrar o que um político nos deve. Eu não entendo mais nada. Vou é ler o suicídio de Durkheim para ver se não amarro uma corda no pescoço ou se deixo meu corpo cair do oitavo andar como o Belchior.

Mas o pior que existe é o comentário da segunda – feira pós o primeiro domingo de outubro dos anos pares:

- E aí compadre, ganhasse quanto ontem nas ruas da cidade? “omi”, fulano me deu tanto... Sicrano pagou minha luz!. Na hora não sabia em quem votar, saí da fila e fui ver se beltrano pagava meu botijão de gás!