Missão Inacabada
Apesar de toda a genialidade humana, capaz de pisar na lua, de navegar a grandes velocidades por terra, água, ar e pela Internet; apesar de a capacidade para construir os mais complexos equipamentos para auxiliar nossa sobrevivência, ou nos exterminar em poucas horas; falta muito ao homem para acabar a mais difícil missão que lhe foi determinada por seu Criador: “ amar o próximo como a si mesmo” .
Percebemos, sem muito esforço, que é condição necessária para amar, amar a si mesmo. Então, a grande missão seria depois de conseguirmos nos amar fazer o mesmo com o próximo.
Assim, se compreendermos como é amar a si próprio, ficará fácil entender as outras formas de amor: maternal, paternal, fraternal, a religiosa, a conjugal...
Acreditamos que seja um entendimento comum daqueles que fazem reflexões sobre o amor: “não é possível amar sem conhecimento, respeito e responsabilidade”.
Assim se não vencermos a ignorância sobre nós mesmos, ou seja se não vencermos a etapa do “conhece-te a ti mesmo, não é possível amar a si mesmo e, conseqüentemente, amar ao próximo como a si mesmo.
Precisamos refazer a caricatura que fomos construindo por uma visão distorcida pelas emoções e por constantes justificativas que nos impedem de descobrir nosso modelo real. À medida que nos conhecemos vamos, também, conhecendo os outros objetivamente.
Qualquer um dos tipos de amor é uma união que não se perde a integridade, o que só é possível se nos conhecermos e aqueles a quem nos unimos de uma forma objetiva.
Conhecer-se e conhecer os outros é termos uma visão objetiva que construa nossos verdadeiros termos, bem como os dos outros.
Uma relação que pode ser transformada em conflito, pois, por exemplo, um dos parceiros gosta e faz força para ser notado e cortejado, enquanto o outro percebe nesse comportamento a intenção de traição. Entretanto, se existisse o conhecimento objetivo de si e dos outros, o conflito poderia deixar de ocorrer.
Um dos parceiros, por não reconhecer que se subestima ou superestima os outros, sente-se correndo um grande risco de ser trocado. Esse mesmo parceiro, também, por não reconhecer que no comportamento do outro não existe qualquer intenção de trair e sim a de aliviar uma profunda insegurança por meio de uma “vaidade compensatória”, com a qual consegue ser notado.
Sem conhecimento não pode haver respeito, que é outro fator presente no comportamento daqueles que desenvolveram a capacidade de amar a si e a seu próximo.
Respeitar é preocupar-se com seu próprio desenvolvimento e do próximo para que se desenvolva como é. Ou seja, respeitar é cuidar de sua evolução ou da de outros sem violentar a integridade.
Se o amor implicar em responsabilidade, nesta, certamente, estará incluída o cuidado, o qual é muito fácil de ser percebido no amor maternal. Daria para acreditar no amor de mãe se ela não cuida de alimentar, banhar e dar conforto físico para a criança pela qual é responsável?
Amar-se é cuidar de si e responsabilizar-se por si mesmo. Amar é de forma espontânea e voluntária responder às necessidades expressas, ou não, de outro ser humano.
Essa atividade por si ou por outros, que envolva conhecimento, respeito e responsabilidade é a atividade mais produtiva do homem – o amor. Une o homem a si mesmo, aos outros e a Deus.
” É o Amor” celebra em rimas essa atividade, particularizando-a para o amor conjugal. De forma mística justifica na separação do homem-mulher, o andrógino, a necessidade dessa doce e jubilosa união, que para ocorrer é necessário que ela encontre nele sua parte masculina perdida e ele, nela, sua parte feminina.
É o Amor
Amar é,
te levar flores todos os sábados.
É segredar no teu ouvido,
que o mundo, contigo,
faz mais sentido.
Amar é,
Dançar com rosto bem coladinho.
É, num banco de jardim,
olhar o por-do-sol abraçadinhos,
jurando amor sem fim.
Amar é,
superar minha solidão
e respeitar teu modo de ser.
É incentivar tua evolução
e dar sem medo de perder.
Amar é,
procurar minha parte feminina,
perdida numa parte de você.
É encontrar minha costela retirada
para você poder nascer.
É encontrar minha costela retirada
e, da união, um outro ser.