“Nós somos o mundo...”
“We are the world...” Assim cantaram os músicos norte-americanos, nos anos 80. Uma canção que entoava uma mensagem de paz às crianças africanas, em meio à guerra em alguns países daquele continente.
Foi lindo, foi! Contagiante, também foi! Quando criança, lembro que todos da minha geração tinham o LP “USA for ÁFRICA” que constava a assinatura dos músicos na capa. Para adquirir tamanha façanha era preciso ir até o Banco do Brasil, enfrentar uma fila inarrável e depositar o valor numa conta, cujo destino, seria a África.
Naquela época fiz inúmeros trabalhos escolares com este tema: tradução do Inglês para o Português, Interpretação de textos, Filosofia Contemporânea, História, Geografia, Sociologia e outros mais que não me recordo.
Havia pessoas que interpretavam esta canção nos programas de televisão, rádio, no dia-a-dia, via pessoas com o figurino do Michael Jackson, Tina Tunner, Cyndi Lauper, Bruce Springgsteen... Era uma loucura! Quando não, os concursos de dublagens e imitações.
Outros músicos influenciados pegaram o andar da carruagem e lançaram discos com a mesma temática “solidariedade”. Aqui no Brasil houve esse apelo por parte de alguns artistas, relacionados à seca no Nordeste. Os Europeus liderados por Bono Vox, do U2, também lançaram um trabalho com os mesmos propósitos.
O mundo passava por situações emblemáticas. Foi uma década marcada por guerras que vararam a década seguinte, com matanças, e atrocidades, fomes, doenças e, principalmente a intolerância dos mais fortes, perante os mais fracos.
Voltando a canção norte-americana, com a arrecadação das vendas desse musical, muitas pessoas de nações, até então desconhecidas, no coração da África, foram beneficiadas. Escolas, hospitais, saneamentos básicos, segurança, assistência social, foram criados e a partir daí, surgiram interesses mútuos, não só do mundo universo artístico, mas de ONGs em ajudar o próximo.
Aquele tempo passou, aqueles artistas sumiram, aqueles países sobreviveram, aquelas crianças cresceram, o mundo mudou... Porem, o que não mudou foi à capacidade humana em aceitar conviver com os mesmos erros do passado. No continente africano, os conflitos ainda persistem; na América e na Europa o que assusta é o terrorismo; no Oriente Médio, o fanatismo; na Ásia Oriental, o conservadorismo; as guerras ainda ditando as leis; às crises econômicas sempre avassaladoras; a pobreza avança tempo após tempo assustando cada vez mais a condição humana do Século XXI.
Se aparecerão outros artistas tais quais aqueles de décadas atrás, que viam na música um apelo e um desejo de mudança, não sabemos, mas que, de alguma forma, influenciaram, naquele momento, o sentido de viver num mundo digno, pacifico e melhor para todos... Em parte eles contribuíram.
Resta saber se os governantes pensam e agem da mesma maneira.