Meninos e Meninas

Essa postagem não tem introdução. É produto de uma verborragia aparada pelo meu gravador. É que eu me lembrei da minha habilidade em ver as coisas pelo ponto de vista alheio. Somei a isso minha criatividade e o que saiu foi o fundo do meu coração. Deixei sangrar. Depois centrifuguei, e eis aí o resultado.

“Eu não tenho a menor intenção de exigir fidelidade, de exigir que você seja só meu porque ver você sorrindo é tão bonito, e eu não sou egoísta a ponto de querer ter você só para mim se eu tiver a menor impressão de que isso pode fazer com que sua felicidade vá ser menor do que essa que você tem agora.

“Ver você sorrindo é tão bonito, e o que eu sinto por você é tão pouco egoísta que eu prefiro ver você assim, sorrindo (mesmo sabendo que esse sorriso vem de momentos com outras pessoas), do que ter você só para mim e em algum dia ver você ficar sério, ou frustrado, porque não era exatamente isso que você queria.

“Eu dei uma de Freud-Darwin agora, querendo explicar a origem da sua felicidade, mas não acho que ela venha necessariamente de momentos com outras pessoas, mas certamente da possibilidade de ter esses momentos. E pode ser que num contrato de exclusividade você ficasse um pouco menos feliz, ou não tão feliz, e eu não quero de forma alguma que isso aconteça.

“Tudo isso que estou dizendo é, com certeza, sincero neste momento e, se isso for sincero do fundo do meu coração (e eu não sei se é), é a coisa mais bonita que eu já senti por alguém.

“E me deixa um pouco triste o fato de eu sentir isso por você. Não que você não mereça, mas é que outras pessoas fizeram tanto esforço para que eu sentisse isso por elas, mas eu não sentia nem um pingo disso tudo.

“Isso de ‘é a coisa mais bonita que eu já senti por alguém’… É muito bacana sentir isso e quando eu falei, numa postagem anterior sobre se os prós e contras de se entregar, era isso que eu queria dizer.

“Se entregar traz o risco de sofrimento, mas traz também essas belezas. E sentir isso, nossa, eu acho lindo.

“Se isso paga ou não o possível sofrimento posterior, já é uma questão relativa e subjetiva, mas fato é que é muito bonito. E minha grande luta contra o resto do mundo passa por esse ponto. Eu não admito que o medo de sofrer seja maior do que o prazer de gozar.

“Por tudo isso, e por algumas outras coisas, esse momento está sendo muito bonito. Quando olho para você, não vejo apenas as qualidades óbvias. Vejo também uma coroa de louros que eu pus em você, prêmio por você ter gerado e estar sendo a peça central desse momento tão especial para mim.

“Além de bonito, esse momento está sendo também interessante. É que eu estou tendo que aprender a segurar um pouco as coisas que eu sinto. Estou tendo que correr com o pé no freio.

“Eu nunca soube segurar as coisas que eu sinto. Eu sei não sentir, mas depois de sentir eu nunca soube segurar.”

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Momento Poético:

“Troco as pessoas, troco os pronomes” (Renato Russo)

“Eu sempre soube causar as reações que eu queria / Em mim uma ponta de dor, um traço de melancolia / Nos outros, alegria, amor, ternura, paixão e carinho” (Dominio Público)

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postado originalmente em http://airtonbolquett.wordpress.com/