Treze anos
Há algumas coisas que eu venho retardando em fazer. Uma delas é visitar a exposição Carnaval e Cidadania, no sambódromo. Outra delas era pegar um livro do Jabor na biblioteca. Tanto a biblioteca quanto a passarela do samba são lugares pelos quais tenho de passar no caminho trabalho-casa, mas sempre estou cansado e com saudades da WEB, então passo direto. Hoje cheguei a parar em frente ao sambódromo, mas a vontade de chegar em casa foi maior e vim. Já ia cabulando também a visita à biblioteca, mas sofro de uma doença (UM POUCO DE FEMINISMO) e o livro que comprei por R$ 1,00 na feira ambulante do livro baseada nestes dias na Central não é tão bom. Então peguei Amor é Prosa, Sexo é Poesia.
É óbvio que peguei o livro com a intenção de me inspirar, mas não esperava que isso acontecesse na primeira crônica.
Ela se chama Um Rosto Inesquecível. Seria fácil copiar o trecho que mais me encantou e comentar, mas vou tentar fazer o meu.
Eu sou cheio de teorias, e essa surgiu quando minha primeira paixão não deu certo (uma das teorias da época dizia que o primeiro amor nunca dá certo. A experiência me mostrou que havia muitas exceções para que isso fosse uma regra. Hoje sei que primeiro amor pode, sim, dar certo e tenho uma ponta de inveja de quem vive isso e nunca sofreu de paixão, embora eu saiba que este sofrimento ensina muita coisa boa). Essa teoria diz que depois que a gente sofre pela primeira vez, a gente tem que fazer uma escolha para as próximas situações: ou a gente se fecha para não sofrer e se priva de viver as coisas boas do amor ou a gente continua se entregando até achar a alma gêmea.
Se fechar é muito seguro, mas a gente perde a beleza de alguns momentos.
Assim como os policiais na rua estão quase sempre vestindo coletes à prova de balas e com um fuzil na mão, algumas pessoas vestem a farda de canalha para se proteger do perigo de se apaixonar. Eu, inclusive. Mas às vezes a gente está num lugar com uma vista linda, e acaba relaxando e deixando o colete e a arma na viatura. E aí podemos apreciar a beleza de um carinho na perna, a ternura de um segurar de mãos, a insegurança do primeiro beijo e depois a entrega do beijo de despedida.
Ah, o beijo de despedida… Ele merece um parágrafo.
Este é um momento lindo, quando o homem abraça a mulher, querendo que aquele momento dure mais. Ela fica na ponta dos pés, para que seus corpos se encaixem melhor e se lança sobre o homem, como quem diz: ‘eu vou, mas uma parte de meu coração fica com você’. Quando o homem percebe isso, ele segura a mulher com mais força, como quem diz: ‘você não vai sentir falta deste pedaço do coração que você está ficando comigo. Um pedaço do meu vai ficar com você’.
É nesse momento que o título se explica. Parece que a gente tem, novamente, treze anos de idade mas, graças a Deus, um pouco mais maduros.
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postado originalmente em http://airtonbolquett.wordpress.com/