Ludoterapia

Sem dúvida alguma, o esporte fascina o ser humano. O basquetebol está entre as modalidades que, quando bem praticado, leva seus espectadores a um misto de perplexidade e prazer. Além disso, confira: qualquer um que experimente o basquete, fatalmente se transformará num assíduo praticante.

Esse esporte foi criado, em 1891, pelo Professor de Educação Física canadense James Niasmith. Nessa época, lecionava na Associação Cristã de Moços de Springfield – Massachussetts – EUA.

No Brasil, teve início em 1896 quando o norte-americano Augusto Shaw introduziu o basquetebol na Associação Atlética Mackenzie de São Paulo.

Só em 1912 é que foram acontecer os primeiros jogos no Rio de Janeiro e foi o América Futebol Clube, incentivado por Henry J. Sims, quem primeiro introduziu o basquete como esporte oficial.

O basquetebol, como qualquer outro esporte, tem um vocabulário próprio. Assim como no futebol existem os zagueiros, os laterais, os pontas, se bem que já em extinção, os centroavantes etc., no basquetebol existem os alas, os pivôs e o armador.

A baliza no basquete é a cesta, que fica suspensa numa tabela a 3,05 ms de altura e é constituída do aro e da rede. Quem fizer mais pontos vence a partida. O gol no basquetebol é denominado cesta.

Mas, o real objetivo dessa prosa é falar das peladas de basquete que, apesar de muito mais difícil de ocorrerem do que as de futebol, os apaixonados por sua prática sempre encontram um jeitinho...

As regras das peladas variam, entretanto podemos dizer que enquanto nas quadras oficiais são necessários: três árbitros (para assegurar as regras); um marcador e seu auxiliar (para registro do Boletim); o cronometrista; e um operador de vinte e quatro segundos (para controlar os 24 segundos que cada equipe dispõe para a posse ininterrupta da bola, nas quadras de pelada os jogadores exercem a função dos árbitros.

Além disso, como as partidas nas peladas são limitadas por um número de pontos (30, 20, ou 12 - os mais usados), bem como as regras relativas aos limites de tempo são excluídas, as funções de cronometrista e operador de 24 segundos tornam-se desnecessárias.

Enquanto nas quadras oficiais as faltas podem ser punidas com reposição de bola ou lances livres pela equipe que sofreu a falta, nas quadras de pelada sempre são punidas com reposição de bola.

Enquanto nas quadras oficiais o jogador que fizer cinco faltas é excluído do jogo, nas peladas fica sob o “simancol” de cada um, ou em alguns casos sob entradas mais ríspidas, como revides do adversário.

Enfim, as peladas não têm a organização dos jogos oficiais mas, dentro de aparente anarquia, funcionam e atingem seus objetivos.

As cestas, os gols do basquetebol, valem um ponto, quando o arremesso for motivado por falta cometida pelo adversário, vale dois pontos quando o arremesso for realizado entre uma linha curva demarcada (linha dos três pontos) e a tabela do adversário e três pontos, se o arremesso for feito além dessa linha, ou seja, de longa distância.

Existem maneiras de o jogador tentar encestar a bola: quando dá um pulo e arremessa a bola, é chamada “jump”: quando dá três passadas e arremessa a bola antes de completar a terceira passada, é chamada de bandeja; quando esses dois movimentos anteriores são completados enterrando a bola na cesta, então a maneira de encestar é chamada de enterrada; arremessando com uma das mãos, com um movimento em forma de um semicírculo em torno do ombro, tal como os soldados quando arremessam granadas, é conhecida como gancho.

Se um dos cinco jogadores de uma equipe intercepta a bola impedindo o arremesso de um jogador adversário, o vocabulário do basquetebol especifica que foi dado um toco. Quando um jogador vem quicando a bola e gira seu corpo abruptamente, mudando a direção do seu percurso, diz-se que foi realizada uma reversão.

Finalmente, se a bola é arremessada e entra na cesta sem tocar a tabela e o aro, diz-se que a cesta foi de chuá.

Enquanto nas partidas oficiais o desempenho de um jogador é avaliado conforme três quesitos: números de pontos marcados durante a partida; assistências efetuadas; e rebotes; sendo destacados como duplo-duplo ou triplo-duplo os jogadores que conseguiram 10 ou mais eventos em dois ou nos três dos requisitos, nas peladas, ao término de cada partida, o máximo de avaliação do desempenho dos peladeiros são observações do tipo: fulano hoje “arrebentou”, “acabou com o jogo”, ou ainda “hoje era o dia dele”...

Como anteriormente afirmamos, os apaixonados sempre dão um jeitinho de arranjar um espaço e formar grupos de “peladeiros”. Lá em Salinópolis, praia do pequeno Litoral do Pará, Assembléia Paraense, Clube de Belém, no América, Clube de Natal, no Ibirapuera, parque de São Paulo, na quadra do Colégio Laser em São Lourenço, Minas Gerais, no espaço municipal para esportes de Flores da Cunha, Rigo Grande do Sul, na Quadra da Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio, na quadra dos veteranos de Niterói enfim, acreditamos que, na maioria dos municípios deste imenso Brasil, os peladeiros sempre dão um jeitinho.

Entretanto, é numa das quatro quadras do maior parque do Rio de Janeiro – Aterro, onde a síntese dessa magia das peladas está representada. Três são os motivos para essa afirmação: a qualquer hora podes chegar com uma bola e, se ainda não estiver rolando uma pelada, logo chegarão no mínimo mais cinco para jogares meia quadra; o segundo motivo é que nas quadras do Aterro existem peladeiros de todos os cantos do Brasil e de muitos outros países o terceiro, é que Oscar, um dos maiores ícones do basquete, escolheu esta quadra para celebrar a despedida de sua carreira profissional.

Assim como no Aterro, no Rio de Janeiro, sistematicamente grupos de “basquetólatras” (viciados em basquete) se reúnem, para a prática desse esporte nas quadras espalhadas por esse imenso Brasil.

Principalmente, nos finais de semana, as quadras se transformam em verdadeiros templos ecumênicos, onde gente de todas as raças, credos, profissões, nacionalidades, idades e ideologias se reúnem para curtir o prazer gerado por ações tão simples: correr, gingar e arremessar para colocar a bola dentro de uma cesta. Na verdade, templo é certo exagero pois, durante as partidas, alguns dos fiéis praticantes tornam-se infiéis ao lazer: estressam, fumam, discutem e xingam.Mas nada que não termine, com a cesta que define um vencedor.

É uma ludoterapia em que: ao quicarmos a bola, fortalecemos nossa perseverança em resistir; o suor são lágrimas por mais uma semana de desesperança; ao fazermos uma cesta, deitamos na rede, juntamente com a bola, nossas frustrações pela rapinagem e corrupção que assolam o Brasil.

É uma ludoterapia em que ao damos uma boca (corresponde ao drible no futebol) no adversário, tentamos compensar os dribles que estão levando nossos salários e a nossa segurança social.

Enfim, é o momento em que renovamos, na fantasia dos fins de semana, nossas energias e nossos humores, para jogar duro, de Segunda a Sexta-feira, a “partida da vida”, da qual, por mais que não percebamos, saímos sempre vencedores.

“Basquetebol” são singelas rimas, mas com a pretensão de divulgar o basquete e o seu glossário, bem como de incentivar os “basquetólatras anônimos” – peladeiros, para que continuem nessa “ludoterapia de grupo” e de fins de semana, a fim de tornarem mais fácil o dia a dia.

Basquetebol

Dois “alas”, dois “pivôs”

e mais um como armador,

quintetos de bola ao cesto

nas disputas a vencedor.

A tabela oferta a “cesta”

como um pescador o puçá,

para que os atletas

façam a bola encestar.

Bola, bola, que deita e rola:

volúvel nos “passes” de mão em mão;

indiferente quando é disputada

e submissa nos “quiques” e na “reversão”.

Bola, bola, que deita e rola:

violentada no “toco” e na “enterrada”;

liberta quando é arremessada

e realizada, quando, “de chuá” é encestada.

Corpos dançam no ritmo da vitória,

até flutuam como beija-flor,

para na rede deitarem a bola

em momentos de sonho e fulgor.

Os corpos na bola,

a bola na “cesta”

num “chuá” que sola

a ginga da dança da vida,

num “chuá” que sola

a ginga da dança da vida.