É papel higiênico?

Não sei se crianças ouvem certas palavras de forma deturpada ou, achando difícil, as pronunciam de outro modo. O que faz a delícia dos adultos. Toninho, meu irmão caçula, lá pelos cinco anos armou uma discussão terrível com um amiguinho. Ele dizia que a escada tinha negraus e o outro corrigia. Bravíssimo, foi tirar a prova com Mamãe...

O sobrinho João Paulo gostava das zimpadinhas da casa da Vovó. E também dizia que as mulheres, em vez de cueca, usavam calcinha e sutião. Pro meu filho, resolver certas contas era facílio,facílio...

E Tia Ceição? Aos oitenta, sabia - sempre soube - mas não conseguia endereitar coisa torta. O que estava desendereitado para sempre ficou. E assim, pro caixão levou.

Eu, quando bem pequena, dizia faz fazor. Na hora de escovar os dentes, era conhente... Mesmo depois de crescidinha, tinha na cabeça que o papel usado em banheiros era hingênico.

Certa vez, já no primário, por ter faltado um dia à escola, uma colega me emprestou seu caderno. Ao copiar as lições, vi que o texto de religião falava do Filho Primogênito. Hum... pensei cheia de dúvidas, embora soubesse de quem se tratava.

Para dissipá-las, então, peguei minha caneta, que ainda era de molhar no tinteiro, e corrigi: “Primogênio”!

Decerto achava, na época, que gênio era eu...