Sucesso
Levantou-se e rebelou-se. Não iria, dessa vez, repetir o mantra matinal em frente ao espelho. “Você quer, você pode. Você vai ter sucesso”. Às favas com sucesso, às favas com todos os seus livros de auto-ajuda, às favas com o que ela própria e a sociedade esperam dela. Apaputaquepariu!
É isso, seu novo mantra. Olhou-se no espelho e repetiu “Apaputaquepariu”. Caiu na risada. Gostou da sensação. “Apaputaquepariu” de novo e mais forte. Sentiu-se dando uma banana pro mundo, pro consumismo, pro chefe, pra todas as mulheres vazias, lindas e malhadas que vê na academia, pra todos os ex-namorados idiotas que a deixaram. “Apaputaquepariu”.
E resolveu que aquele dia seria dedicado à putaquepariu. Ligou pro trabalho dizendo que estava com uma terrível cólica de rins, essa é boa, é pior do que dor de parto. Resolvido, ficou pensando no que fazer no dia da putaquepariu. Hum.... locadora!
Escolheu dois filmes que vivia tentando assistir e nunca conseguia. Um filme em plena terça-feira braba, de pernas pro ar, coçando a piriquita e comendo pipoca.
Deliciou-se.
Depois, tomar uma gelada com amigos no bar da esquina. Cerveja, torresmo e cachaça de tira-gosto. Final de tarde. Risada, filosofia de buteco, torpor de birita. E o tempo diluindo-se. Pequenos prazeres.
E o dia acabando-se. Putaquepariu!!
Passou na floricultura, uma dúzia de rosas vermelhas.
Presenteou-se.
E terminou o dia com um banho de espumas e pétalas. Olhando as estrelas, ouvindo suas músicas preferidas. Apenas existindo.
E sentiu-se uma mulher de sucesso.