Por que sofremos nesta vida?
Hoje, nesta crônica, vou falar pouco, coisa que – tratando-se de uma pessoa barulhenta como eu sou – é raríssimo acontecer, segundo admitem os meus amigos e familiares, meus alunos e ex-alunos e, principalmente, meus desafetos.
Mas, vou falar pouco porque as duas respostas mais convincentes e mais lúcidas que já me deram a respeito da pergunta do título me foram dadas em dois textos poéticos tão profundos e tão belos que até chegam a doer na gente. E, portanto, dispensam maiores comentários.
A primeira resposta, a minha memória de elefante foi buscar numa trovinha antiga dos meus tempos de menino cujo autor, infelizmente, apesar das minhas pesquisas na Internet, ainda não consegui identificar:
“Mente quem diz nesta vida
Muitos males ter sofrido
Só de um mal a gente sofre:
É do mal de ter nascido.”
Então, aí está a primeira razão do nosso sofrimento neste dito Vale de Lágrimas. E para mim cabe muito bem a carapuça: nasci no Nordeste pobre, filho de viúva pobre! Como posso reclamar da vida depois disso, hem? Hum, quem é o encarregado dessa tal de Reencarnação lá nos departamentos do Homem? Em que gelada tu me colocaste, cara!
A segunda resposta também é a minha boa memória que vai buscar numa canção triste e bonita, composição de Adelino Moreira, imortalizada pela bela voz de Núbia Lafayette, que já foi considerada o nosso Nelson Gonçalves de saias:
Seria tão diferente
Seria tão diferente
se a gente que a gente gosta
gostasse um pouco da gente
Seria tão diferente
se a gente que a gente gosta
sentisse o que a gente sente
se tudo o que a gente sente
a gente que a gente gosta
sentisse assim de repente
Seria tão diferente
Se quando a gente chorasse
chorasse só de contente
E a gente que a gente amasse
amasse um pouquinho a gente
Seria tão diferente
Seria tão diferente
E aí está o segundo motivo – quem sabe o maior – das nossas desventuras nesta vida: amar a pessoa errada, em outras palavras, amar a quem não nos ama.
Então, o que é que tu queres, ó meu doido leitor, ó minha doida leitora, que vives reclamando da vida, se não tens dinheiro, não podes estar passeando pela Europa, nem mesmo pelos Lençóis Maranhenses, e, para cúmulo do masoquismo, te enrabichas sempre e constantemente por uma fulana ou por um fulano que é enrabichada por outro fulano ou por outra fulana? Ainda te achas no direito de resmungar?
Ah, não me aporrinha, quem dorme em cama de pregos é faquir!
Mas, psiu, olha aqui, meu bem: se eu tivesse grana e tu me amasses um pouquinho, eu te juro que a minha vida seria tão diferente...
Hoje, nesta crônica, vou falar pouco, coisa que – tratando-se de uma pessoa barulhenta como eu sou – é raríssimo acontecer, segundo admitem os meus amigos e familiares, meus alunos e ex-alunos e, principalmente, meus desafetos.
Mas, vou falar pouco porque as duas respostas mais convincentes e mais lúcidas que já me deram a respeito da pergunta do título me foram dadas em dois textos poéticos tão profundos e tão belos que até chegam a doer na gente. E, portanto, dispensam maiores comentários.
A primeira resposta, a minha memória de elefante foi buscar numa trovinha antiga dos meus tempos de menino cujo autor, infelizmente, apesar das minhas pesquisas na Internet, ainda não consegui identificar:
“Mente quem diz nesta vida
Muitos males ter sofrido
Só de um mal a gente sofre:
É do mal de ter nascido.”
Então, aí está a primeira razão do nosso sofrimento neste dito Vale de Lágrimas. E para mim cabe muito bem a carapuça: nasci no Nordeste pobre, filho de viúva pobre! Como posso reclamar da vida depois disso, hem? Hum, quem é o encarregado dessa tal de Reencarnação lá nos departamentos do Homem? Em que gelada tu me colocaste, cara!
A segunda resposta também é a minha boa memória que vai buscar numa canção triste e bonita, composição de Adelino Moreira, imortalizada pela bela voz de Núbia Lafayette, que já foi considerada o nosso Nelson Gonçalves de saias:
Seria tão diferente
Seria tão diferente
se a gente que a gente gosta
gostasse um pouco da gente
Seria tão diferente
se a gente que a gente gosta
sentisse o que a gente sente
se tudo o que a gente sente
a gente que a gente gosta
sentisse assim de repente
Seria tão diferente
Se quando a gente chorasse
chorasse só de contente
E a gente que a gente amasse
amasse um pouquinho a gente
Seria tão diferente
Seria tão diferente
E aí está o segundo motivo – quem sabe o maior – das nossas desventuras nesta vida: amar a pessoa errada, em outras palavras, amar a quem não nos ama.
Então, o que é que tu queres, ó meu doido leitor, ó minha doida leitora, que vives reclamando da vida, se não tens dinheiro, não podes estar passeando pela Europa, nem mesmo pelos Lençóis Maranhenses, e, para cúmulo do masoquismo, te enrabichas sempre e constantemente por uma fulana ou por um fulano que é enrabichada por outro fulano ou por outra fulana? Ainda te achas no direito de resmungar?
Ah, não me aporrinha, quem dorme em cama de pregos é faquir!
Mas, psiu, olha aqui, meu bem: se eu tivesse grana e tu me amasses um pouquinho, eu te juro que a minha vida seria tão diferente...