PESCARIA

Dizem que a pescaria é um esporte saudável, competitivo e até lucrativo. No início da humanidade a pesca era praticada como uma atividade de subsistência do homem, assim como a caça. Naquela época o homem encontrava na natureza alimentos fartos e saudáveis. Hoje a pesca assumiu valores diferentes, sendo importante alternativa de lazer, além de ser um meio de subsistência abastecendo a mesa de várias famílias, quer seja para consumir o produto da pesca ou para negociar e assegurar o dia-a-dia, enquanto o intermediário leva vantagens nesta comercialização sem correr o risco das marés, da correnteza, do vento e dos mosquitos. É a vida.

Um amigo um dia me contou uma história interessante. Ele não é pescador profissional, mas foi convidado para uma grande pescaria. Aceitou o desafio porque pelo tamanho do barco e os equipamentos que estaria a sua disposição para a prática desta atividade era garantido bons resultados.

Seu descontentamento começou ao verificar que não estava sendo respeitada a época da piracema e nem preservada a encantada natureza. Os peixes se amontoavam dentro do barco correndo o risco de afundar, em virtude do peso. Não havia bote salva-vidas para todos. Quanto mais se pescava, mas cobrança chegava ninguém podia parar. Tempo para apreciar o mar, saborear o vento, olhar o céu, não havia. O que existia eram promessas de repartir lucros, de fazer sociedade, de acumular riqueza.

Meu amigo pensou em pular do barco, não temia perder o produto de sua pescaria, mas temia ser devorado pelos tubarões. Ele era um “peixe pequeno”. Pensou em denunciar a irregularidade da pesca a órgãos competentes, mas a foi intimidado pelos “peixes grandes” e ludibriado com a promessa de ganhar o comando do navio, ganhar peixes dourados e valiosos. Como nada disso o seduziu foi ameaçado: se o barco correr risco de afundar os “peixes pequenos” retornaram para o mar e o pescador também. Os botes salva - vidas são suficientes apenas para socorrer apenas os “peixes grandes”, sem fazer diferença se animal aquático ou bípede.

Depois que meu amigo me relatou tal episódio fiquei a refletir se esta era uma história de pescador ou não. Tentei correlacionar sua história com episódios da vida real. Verifiquei também, que neste relato o pescador não saiu vitorioso como nas narrativas pitorescas dos contos de pescador. Desta vez o pescador ficou encurralado, entre o mal e o bem, o que induz a uma veracidade do fato. Se o caso realmente aconteceu, preciso averiguar para saber como ele se saiu.

Será que venceu ou foi vencido?

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 17/03/2009
Reeditado em 04/05/2020
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