Quando eu matava
É, houve um tempo em que eu não tinha o mínimo remorso em matar. Minha fama de matador era conhecida na região, minha pontaria respeitada e o número de mortes são incontáveis.
Sabe como é, menino ainda e morando no interior, sem este sentimento de preservação que me move hoje, matar passarinhos eram além de uma diversão, uma maneira de suprir de carne as parcas refeições a que tínhamos direito.
Quem viveu longe das cidades tem conhecimento de que o uso do estilingue, bodoque, setra como chamávamos, era largamente difundido e inclusive, na época a que me refiro, não havia ainda nascido esta preocupação com o meio ambiente e a preservação de espécies animais.
Hoje sei que fazia a coisa errada, mas não podemos culpar os que, como eu, praticavam a caça de pequenos pássaros, mesmo porque agíamos, de certa forma, inocentes por falta de pessoas que nos mostrassem que o erro desta ação.
Admiro pessoas que se preocupam com os animais e, na medida do possível, dou minha colaboração e quando a caça só disparo o clic da máquina fotográfica quando surge à oportunidade de mirar paras um animal ou uma cena da natureza.