A FELICIDADE SE COMPRA COM OURO…

Esta história de que a felicidade não se compra com ouro deve ter sido inventada por algum avarento. Absolutamente tudo na vida se compra com ouro, porque ao contrário do que se pensa nada é de graça. Sentimentos? Estes são os mais valiosos meu caro amigo… sentimentos custam uma fortuna. Nossa vida é paga em moedas de ouro que trazem gravadas nossas faces em ambos os lados. Algo como “cara” e “coroa”. A “cara” traz a face da matéria e a “coroa” a face gloriosa ou triste da divina luz. Dependendo do artigo que queremos comprar apresentamos nossas “caras” ou “coroas”. Quer comprar um delicioso sorvete de chocolate? Uma ou duas horas trabalhando como flanelinha em um estacionamento rotativo é capaz de render 5 ou 10 “caras”, o suficiente para exigir também uma cobertura extra de chocolate ao leite. Anda pensando em comprar os sentimentos do seu irmão?  Bem, eu disse que sentimentos custam uma fortuna, na verdade às vezes são tão elevados que não conseguimos comprá-los. Mas se você está disposto a pagar o preço que for necessário, então eis a sua conta: 365 “coroas” de perdão, humildade, carinho, autocrítica e muito amor. Achou salgado o preço? Não se preocupe a vida divide em 365 dias. Uma “coroa” por dia, o que acha? Ainda ficou pesado para seu bolso? Pechinche, a vida é uma benção de boa mãe e seu Criador ainda mais misericordioso, quem sabe você não consegue um desconto… Pronto, uma “coroa” dividida em 24 horas e não se fala mais nisso, combinado? Continua difícil pagar? Converse mais, a esperança é a última que morre. Proposta final: a vida vai pagar 23 horas/partes de sua “coroa” e você completa com apenas uma - tipo aquela propaganda da Technos “O dia tem 24h, reserve uma para você”. Se você aceitar o precinho camarada que a vida lhe fez se tornará seu garoto propaganda com o seguinte slogan: “O ANO TEM 365 DIAS, TIRE 15 PARA AMAR”!

Quando os mais desafortunados espiritualmente pedem uma ou duas “coroas” de solidariedade da nossa imensa fortuna, o que fazemos? É comum sairmos dessa com a velha desculpa de que não temos “coroas de tempo” suficiente para gastar naquele momento. Eis o que somos - Sovinas. “O Sovina, querendo proteger seu patrimônio, vendeu tudo que tinha, transformou numa barra de ouro e escondeu num buraco no chão, e ia sempre lá ver como estava. Isto despertou a curiosidade de um dos seus operários que, desconfiando haver ali um tesouro, assim que o patrão virou as costas foi até lá e roubou a barra. Quando o sovina voltou e viu o buraco vazio, chorou e arrancou os cabelos. Mas um vizinho assistindo a essa extravagante tristeza e sabendo o motivo, disse:”Não te angusties mais, pega uma pedra e coloca-a no mesmo lugar, e pensa que é a tua barra de ouro; pois, como não pretendias usá-la nunca, vai lhe servir tão bem quanto a outra.”. O VALOR DO DINHEIRO NÃO ESTÁ NA SUA POSSE, MAS NO SEU USO” (Fábulas, Esopo). O VALOR DE NOSSAS “COROAS” ESTÁ NA FORMA COMO A DISTRIBUIMOS. QUANTO MAIS GASTAMOS, MAIS RICOS FICAMOS. A avareza, este pecado capital que tão bem conhece nossas “caras” tem também sua irmã gêmea em nossas “coroas”. Assim podemos dizer que somos mais avarentos em sentimentos do que em coisas materiais, pois, já nascemos ricos, herdeiros de milhões de “coroas” de perdão, amizade, solidariedade e amor. Mas como o Sovina de Esopo, preferimos observar esta riqueza em seu depósito, “o coração da alma”, a ter que distribuí-la em generosas moedas de ouro com suas magistrais “coroas” de sentimentos sábios. Talvez sejamos uma versão espiritual dos faraós tentando fazer o inverso - acumular riquezas espirituais em nossas pirâmides para gastá-las numa próxima e incerta vida futura.

Se não estamos jogando nossas “coroas” no lixo, na melhor das hipóteses, estamos enterrando todo este tesouro divino num lamaçal de discórdias, areias movediças de violências e, o que é ainda mais lamentável, estamos renegando a condição legítima de “filhos de Deus”; e por conseqüência toda a nossa fortuna de belas “coroas” do mais puro ouro que compra a felicidade com todos os seus acessórios: alegria, sorriso, êxtase e a voz da existência que canta todos os dias o hino da verdadeira conquista - gastar até o último centavo nossas “coroas” divinas.

Lembre-se: “A avareza cresce com os anos, porque vai tomando no homem os espaços que, com o tempo, outras formas de egoísmo deixam vazios”. (Monteiro Lobato)

É comum todos os dias alguém, sofrendo por não ter “coroas de amor” suficiente para se levantar de mais um tombo e cansado de pedir auxílio, apontar-nos uma arma dizendo: “As coroas ou a vida”. Alguns preferem trair-se oferecendo 30 “caras” de prata do mais puro materialismo… e…e…..bummmmm, foi-se a vida - um lindo presente de Deus agora enterrada num buraco negro.


Moryan é escritor, palestrante e publicitário.
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