Trindade da Miséria
Trindade da Miséria
Um grande legado às gerações mais novas são os registros das conclusões das gerações que as antecederam – são as teses dos, supostamente, mais experientes, os cinqüentões. sessentões…
Nosso entendimento é que as elaborações dessas teses acontecem, basicamente, de dois modos:
o primeiro, por um processo intuitivo, quando o autor é assolado por uns “estalos de percepção”, que o conduzem às conclusões;
o segundo, por um processo de relacionamento de experiências, com dados e informações de mesma natureza, pelo qual o autor deduz suas conclusões.
Acreditamos que, por termos muito menos informações e dados na juventude, somos obrigados a ser muito mais intuitivos nessa fase da vida do que na terceira idade.
Assim como a ciência, pelo processo dedutivo, só agora demonstra sobre o que há muito já havia sido concluído pelo processo intuitivo, da mesma forma acreditamos que muitas das teses dos cinqüentões já haviam sido enunciadas pelo processo intuitivo, quando os autores eram movidos pela sensibilidade dos dezessete.
Por outro lado muitos dos cinqüentões, sessentões e os que lhes antecederam chegam à conclusão de que experiência é aprendizado resultante de inúmeras tentativas onde os erros foram mais freqüentes que os acertos. Acrescentam que a experiência e o verdadeiro aprendizado chegam sempre após a sua real necessidade. Ou seja, o aprendizado para capacitarmos a ser pais, só chega depois que os filhos estão criados.
Assim, as teses desses bem mais velhos poderiam ser de grande valia para aqueles que tivessem a sabedoria do aprendizado, ou de receber a experiência por processo de transferência.
O registro dessas teses seriam atos de amizade, pois como bem diz o dito popular: “quem avisa amigo é...
“Tese de Cinqüentão” são rimas que registram as conclusões sobre a trindade da miséria, ou seja, sobre os principais elementos psicossociais promotores da miséria.
Não sabemos se foi a intuição da juventude, se foi um processo dedutivo, ou ainda, manifestação de conclusões já elaboradas, mas não registradas em outras vidas, que conduziram a criação da “ Tese de Cinqüentão”.
“Tese de Cinqüentão” é uma rima que indica a Centralização, a Opressão e a Concentração como os elementos responsáveis pela disseminação da miséria no seu mais amplo sentido.
“Tese de Cinqüentão” é rima que “dedura” os três maiores artífices da miséria:
os autoritários que, partindo da premissa de que são “os salvadores”, centralizam o poder;
os tiranos que, por estarem na condição de mais fortes oprimem e reprimem os mais fracos;
os “ganancius pathos” – termo criado para caracterizar predadores travestidos de homem – que, com sua voracidade e suas mentes “iluminadas” pelas trevas, alimentam devaneios de serem proprietários do mundo….
Tese de Cinqüentão
Todo homem cinqüentão,
da sua vida, teses elabora
e vai passando de mão em mão,
pelo papo, verso ou história.
Com seu papo de esquina,
com suas histórias de bar,
o cinqüentão fazedor de rima,
suas teses, se põe a cantar.
O cinqüentão fazedor de prosa,
suas teses, se põe a contar.
Em nenhum lugar desta terra,
podemos ser felizes meu irmão,
na presença do trio da miséria:
centralização; opressão; concentração,
centralização; opressão; concentração.
O cinqüentão fazedor de rima,
suas teses, se põe a cantar.
O cinqüentão fazedor de prosa,
suas teses, se põe a contar.