Chapéu de viagem
De Edson Gonçalves Ferreira
Para Malubarni
Adorei seu texto sobre o chapéu, colorido e lindo e cheio de doçura. Lembrei-me do livro "Um chapéu para viagem", de Zélia Gattai, minha amiga, esposa de Jorge Amado. Eu a conheci, na década de 80 quando, em Brasília, participamos de Congresso Nacional de Literatura.
Foram momentos deliciosos para mim, pois tive o prazer de, então, conhecer, pessoalmente, Jorge Amado e Zélia, Rachel de Queirós e, ainda, estar ao lado dos amigos escritores Osvaldo França Júnior e Roberto Drummond, entre outros.
Uma vez, ao conversar com Zélia Gattai, comentei a respeito do belíssimo livro dela: "Um chapéu para viagem" e expliquei que eu só usei chapéus na praia ou na Europa e nos Estados Unidos e que, agora, eles são necessários no Brasil. Aliás, sempre foram. Eu nunca imaginei que aquela conversa com a escritora seria a última, porque, anos depois, ela faleceu.
Nossos chapéus têm que estar preparados para o último adeus. Não é à toa que a música diz que a hora do encontro é a hora da despedida. Ontem, beijando o meu bem, lembrei-me de vocês que, por gentileza, lêem o que escrevo e, naquela hora quando o beijo nos eleva, eu estava com cara de quem viajava, usando um chapéu para, quando fosse descer do avião, pudesse colocar na minha cabeça para abraçar você.
Chapéus, minha querida amiga Malubarni, me fazem lembrar que, também, servem para homenagearmos alguém. Por exemplo, neste momento, escrevo esta crônica simples para tirar o chapeu para você, minha querida. Chapéus guardam também o perfume das cabeças e conferem às mulheres que o usam uma elegância e uma sensualidade exuberantes. Parabéns pelo texto O Chapéu e, cerimoniamente, tiro o meu chapéu para lhe deixar um beijo bem sonoro nas bochechas, é claro, com permissão do Miguel.
Divinópolis, 16.03.09