Possibilidades


Logo na saída pro intervalo, chega à supervisora com uma garota de dose anos de idade, com a Síndrome de Down e fala pra professora do 5º ano:
_Chegou mais esta bênção maravilhosa pra você.
A professora respondeu:
_Seja bem- vinda garota!
Logo em seguida, se apresentou e apresentou a menina pra turma.
Ela pensou:
_Bem, agora são trinta e três alunos...Pelo mapeamento que fiz; dose são de famílias desajustadas, oito vivem com as avós, um é gay, um é lésbica, cinco são muito indisciplinados, mas têm demonstrado assimilar os conteúdos com facilidade, duas grávidas, um filho de traficante, dois são dislexos e agora esta menina Down. Quanta heterogeneidade!Que Deus me dê sabedoria para atender a esta diversidade sem perder minhas cordas vocais e nem adoecer do coração.
Das experiências em sala de aula que vivi, esta foi uma que não tinha como esquecer, foi justamente o ano em que estava pensando em fazer a dissertação sobre a Formação de Professores, mas tendo em vista a necessidade optei em fazer o estudo de caso sobre necessidades educacionais especiais, tendo como eixo principal a pesquisa na APAE sobre metodologias aplicadas no trabalho com estudantes com necessidades especiais; Estudo de Caso.
O trabalho com os dois dislexos (comprovados por profissionais específicos), não foi fácil, mas foi possível... Já com a Down, se não tivesse estudado profundamente, talvez não tivesse conseguido trabalhar suas capacidades emocionais, porque trabalhar o diferente é um processo de perseverança e amor... Trabalhar a coordenação, concentração, afetividade, sexualidade, contextualizar conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, com cuidado pra não desmembrá-los um do outro, requer no mínimo disponibilidade para revisão, desconstrução e reconstrução de planejamento; um olhar que veja o todo, que considere a prática social dos alunos, uma dosagem de saberes e fazeres pedagógicos que contemplem a pessoalidade e o conhecimento científico, frente a gama de informações pertinentes à realidade dos envolvidos, o que não é tarefa fácil, mas que certamente emite possibilidades mediante um trabalho de esforço coletivo da equipe pedagógica do corpo escolar. Entretanto, é o professor mediador responsável pela gerência de sua sala de aula, cabe a ele utilizar de seu saber pedagógico para dinamizar suas aulas de modo a conquistar e envolver seus alunos no processo ensino aprendizagem. Sabe-se que a diversidade está inclusa por lei, mas não é suficiente incluir, necessário se faz que haja inserção de fato, participação atuante dos sujeitos, e para isso é primordial que os profissionais busquem a preparação necessária e as ferramentas  para os possíveis avanços através da didática de trabalho, a criatividade, o entusiasmo pelo que se propõe a fazer. No caso da criança down, a exemplo, ela teve acessibilidade na escola a materiais concretos, brincadeiras e jogos dirigidos, participou de coreografias de danças, fantoches, atividades cênicas junto aos demais colegas da classe. As tipologias textuais de gêneros variáveis, verbais ou não são pontes seguras para um trabalho de formação de leitor competente, dentro das capacidades e/ou habilidades de cada um, depende muito de “como” se trabalha as “competências”.
Quanto aos demais educandos, também há um leque de variedade de saberes a serem desenvolvidos, o que não pode se perder de vista são os objetivos a serem alcançados dentro da proposta pedagógica, por exemplo, mas como ter objetivo sem conhecer os atores protagonistas?Logicamente, a partir de diagnósticos... O médico sensato não faz prescrição sem antes examinar seus pacientes; o profissional em educação também não deve ter esta postura, atender seus alunos aleatoriamente, sem uma prévia dos mesmos.
Por fim, falar em diversidade é fácil, difícil é trabalhar uma postura ética que saiba lidar com diferentes identidades, gostos e atitudes variáveis em todas as suas dimensões, porém são inúmeras as possibilidades de sucesso desde que haja comprometimento em fazer uso da verdadeira função social da escola.

 

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 15/03/2009
Reeditado em 14/09/2022
Código do texto: T1488111
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