A CULPA É DA MINHA MÃE!

Já fui taxada por muitos de “boazinha demais”. Companheiros enciumados já me acusaram de “simpática demais”. O que na tradução das entrelinhas significava que eu poderia parecer “disponível demais”. Tudo por conta do meu sorriso escancarado, da minha conversa solta, do meu espírito brincalhão. “Puxei à minha mãe!”. Eu me defendo.

Quem diria que aquela adolescente birrenta iria admitir no futuro ser parecida com a sua inimiga número 1 do passado. Vai dizer que o os titios Freud e Jung não estavam certos em suas analises sobre os complexos de Édipo e Electra? Vai dizer que quando a menina se dá por conta, está amando o pai e odiando a mulher dele? Sou do time que joga a favor das exceções, mas conheço muitas mães de menininhas adolescentes para saber que ambas vivem em pé de guerra.

Mas, voltando ao início quando eu culpava a minha mãe por ser “queridinha demais”... Peguei este jeito dela, das incontáveis vezes que saíamos na rua e ela ia cumprimentando todos, sorrindo para todos, falando com todos, brincando com todos. Tornando, para mim, um simples passeio numa cansável maratona.

A culpa é dela se hoje cumprimento a todos, sorrio para todos, falo com todos, brinco com todos. A culpa é dela se não deixo um único email sem volta. Nenhum comentário neste site sem o devido agradecimento. Nenhuma pergunta sem resposta. Nenhum carinho sem troco.

Acredito no milagre da gentileza, na força do sorriso, no poder da boa educação. Em conseqüência, ainda acredito na boa intenção das pessoas. Você acha que por isto torno-me “ingênua demais”? A culpa é da minha mãe.

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 14/03/2009
Reeditado em 14/03/2009
Código do texto: T1486419