Sobre isqueiros e macarronadas
Certa vez, o pai chegou faminto em casa. Achou uma bela macarronada posta em cima do fogão. Porém, estava fria. Pegou imediatamente a comida e colocou dentro do forno. Ao abrir a caixa de fósforos, decepção: nenhum fósforo para contar história.
Então, olhando para um lado e para o outro, e não achando nada, resolveu vasculhar as gavetas. Lá encontrou um isqueiro azul. O isqueiro estava cheio de gás. Mas ao usá-lo, ele não produzia faíscas. Só estalava, estalava e nada do fogo sair. Pegou o isqueiro e o jogou no lixo, resmungando muito.
Para sua sorte e da sua fome, procurando mais um pouco na gaveta havia outro isqueiro. Amarelo, berrante, da cor daquela deliciosa macarronada que estava ansiando para apreciar. Pegou o isqueiro e ao acendê-lo, só saía faíscas. Provavelmente estava acabando o gás. Faiscou a primeira, a segunda... Faiscou umas dez vezes. O pai, faminto, exausto, se perguntava se não tinha o direito, após trabalhar todo o dia, de comer ao menos uma refeição decente.
Frustrado, pegou o segundo isqueiro e jogou, também, no lixo. Estava conformado em comer um prato delicios... Deliciosamente frio. Podia sentir o gosto frio do macarrão em sua boca, misturado com a bolonhesa gelada. Não havia mais nada a ser feito. Contrariado, pôs-se a dar garfada por garfada naquela comida sem graça. Cheio de macarrão frio, foi se sentar no sofá para ver o noticiário.
Meia hora depois chega seu filho. Faminto como o pai, exausto de um dia cheio como o pai. Foi até a cozinha e seus olhos brilharam ao ver aquela macarronada. A primeira coisa que pensou: tenho que esquentar essa comida. Não havia fósforos, mas ao menos iria jogar a caixa vazia fora para que ninguém mais perdesse tempo com aquilo. Foi quando ao olhar para a lixeira, viu aqueles dois isqueiros. Pegou-os e viu que um apenas tinha o gás e o outro faíscas. Pensou: “vou apertar o gás desse e com a faísca desse outro, somando tudo, faço o fogo”. E assim, esquentou a comida.
Quando o pai sentiu o cheiro da comida, perguntou ao filho como havia feito. Ele explicou que algum idiota havia jogado fora dois isqueiros em perfeitas condições. O pai se insultou e falou que não estavam em perfeita situação, já que fora ele mesmo quem havia os jogado no lixo.
O filho mostrou ao pai como utilizar os dois isqueiros. O pai ficou envergonhado e pôs-se a ir dormir, enquanto o filho degustava daquela bela macarronada quente.
Moral da história:
Primeira moral da história - você pode pensar: o pai poderia ter comprado há muito tempo um microondas. É uma verdade, mas lembre-se que às vezes falta luz.
Segunda moral da história – o pai poderia não ter sido tão discuidado e ter comprado fósforos. Também é verdade, mas imagine o quanto pode se economizar com isqueiros.
Terceira moral da história - para se conseguir alcançar os objetivos é preciso ter “gás” e “chama”. No entanto, nem todas as pessoas têm o “gás” e nem todas as pessoas têm a “chama”.
E por esse motivo, as pessoas que não são “completas” são vistas como desqualificadas. Isso é ilusão. Procure somar todas as qualidades que cada uma tem e você verá os resultados que se pode conseguir. No máximo, construir sucesso, no mínimo, esquentar uma simples macarronada.