CONTÁGIO Indiano
Ao som de uma belíssima trilha sonora, começo esse texto pelo nome, às vezes isso ocorre.
Se outro dia eu contestava questões da telinha, com Febre Indiana, hoje vou para a telona.
Quem quer ser o milionário?, campeão de 8 Oscar este ano, foi comentado por centenas de especialistas renomados.
Meu nome é Léia Carvalho - LC, sou especialista em devanear e aqui vou viajar um pouco.
Ao lado do meu sobrinho de 12 anos vi esse filme e fiquei extasiada. Em alguns momentos, senti que poderia entrar em transe, tamanha emoção. A trilha chegou antes do filme, quando contextualizada virou algo quase indescritível, digna de ser ouvida incontáveis vezes; tem de tudo um pouco, sem deixar de ser agradável em nenhum momento sequer, por isso ela toca agora. Músicas mesclando a tradicionalidade indiana e recursos eletrônicos, fazem até a respiração alterar. Uma música em especial me deixou arrepiada, nem preciso entender o que estão cantando, mas Paper Planes, com aquele som de armas disparando, chocam um pouco e exatamente por isso mexe.
Em certas partes do filme, me senti como um torcedor de futebol fanático, vendo a final ser decidida nos pênaltis. Levava os braços à cabeça e segurava a mesma para não cair, soltava alguns palavrões para expressar meu espanto e quando a tensão dava uma breve pausa, relaxava na poltrona, pedindo que Alá estivesse com aquele personagem. São muitas as opções a seguir, quatro nessas horas parece um número infinito. Até quando se olha para um Deus, com seu arco e sua flecha, existem alternativas distintas de definição:
A) Correr para fugir daquela coisa assustadoramente feia.
B) Abraçar e pedir proteção.
C) Roubar o arco e a flecha, para usar no primeiro maluco que pular em cima.
D) Fazer de conta que aquilo é um pesadelo e apertar os olhos para acordar em outro lugar
Meu sobrinho só conseguia dizer:
_ Puta filme do caramba – sem desviar o olhar da tela.
O menino mudou de posição algumas vezes, mas apenas para desviar de alguns reflexos. É o tipo de filme que perder um pedaço pode até não mudar nada em relação a compreensão do desfecho, mas perde-se uma dose de arte, outra de prazer e grandes porções de emoção. Fiquei encantada do início ao fim. Aquele inglês tão carregado de sotaque facilitou minha compreensão, me permitiu olhar nos olhos dos atores. Como fiquei envolvida por aqueles olhos tão expressivos, em certos momentos, não era preciso voz, bastavam àquelas piscadas ou a falta delas e tudo estava transmitido.
Uma história contada, e bem contada, em três tempos, possibilitou variações deliciosas, mais do que vistas no filme, foram sentidas. A criança brincava, o jovem sobrevivia e o detento contava a verdade, e como conseguiu chegar tão longe. Ainda que em nenhuma nas fases da vida essa justificativa fique clara, em todas elas, a luta maior é pelo amor. O gás que o amor pode dar a existência de uma pessoa é algo fascinante e muito bem mostrado nesse filme. Pode-se ir até o pico de uma montanha, simplesmente para acenar a bandeirola e permitir que seu amor te localize e então, tenha a chance de, novamente, chegar perto.
Quando um filme consegue fazer você ler os créditos com prazer, é sinal que algo agradavelmente inusitado aconteceu durante aqueles minutos anteriores. E toda essa energia lançada para dentro de você precisar ser organizada, porque há algo de útil para se levar dessa história, dessa emoção.
O grande destaque vai para a interpretação das crianças, todas me fizeram sair do chão, fiquei meio flutuando entre o sofá e o teto, esperando que alguma pancada forte me fizesse voltar a um estado humanamente aceito. Talvez por estar assistindo ao lado de um adolescente, mas fiquei pensando que muito do que vivemos na vida adulta foi uma sementinha da infância que deu frutos. Para um a sementinha foi amor, para o outro foi ódio e em ambos os casos, a semente mantém vivo, o máximo de tempo possível, cada um a seu modo.
Tudo o que disseram por aí e muito mais: É VERDADE.
Esse filme agrada imensamente e ao contrário de uma novela, que vendo um capítulo você viu tudo, esse filme é preciso ver várias vezes por inteiro, para quem sabe entender uma parte. É para ver, rever e repensar alguns elementos da vida. Você pode até sair achando tudo igual, mas aí te digo: veja novamente com mais calma, talvez esteja correndo muito, relaxe por quase 2 horas, se conseguir. Contrariando minhas regras, graças ao meu amigo Guillermo e as descobertas de Carol, vi esse filme bem antes do que seria o meu normal. Posso dizer: ADORO quebrar a cara. Acabei sendo contagiada.
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No meu blog esse texto tem alguns links para deixa a leitura ainda mais gostosa. Além de permitir você baixar a trilha do filme :)
Bjim