OS COLEGAS
Fui e voltei.
Fui ao meio dia e cheguei a casa às duas e meia.
Desde ontem; vou ou não vou?
Fui depois de muitas considerações.
Valeu.
A blusa nova que ninguém ia notar estava comprida e as mangas também. Como não dava tempo, e sei que ninguém ia perceber, cortei simplesmente o excesso de comprimento das mangas e da blusa.
O taxista que me levou tinha um aliviante ar condicionado no taxi. Cabelos brancos. Perguntei direto “qual sua idade?” E disse, fiz as contas, tinha vinte menos que eu. Fui logo falando ao que ia e disse estar meio triste, pois estou envelhecendo. Chegou logo, era perto. Estacionou no páteo, virou-se, e me passou uma advertência filosófica: nesta fase da vida não temos a mesma energia de tempos atrás, então tem que aproveitar os minutos de agora, são preciosos e são tudo o que temos.
Enquanto falava olhos diretos aos meus olhos, era um homem bonito de olhos bonitos e cabelos brancos, oh! Deus com toda a sabedoria que um homem precisa ter. Peguei sua mão e bati trocando energia, ele me passou coisas boas e fez meu sorriso se abrir. Disse me animando “olha que sorriso bonito!”
E eu retruquei – vc tem os olhos bonitos!
Filosofou ainda coisas importantes, mas já era hora de eu chegar, despedímo-nos. Aprumei-me e entrei.
O salão com ar refrigerado, tava lá o Chico, nosso mestre de cerimônias e uns poucos. Murillo foi logo se servindo um prato enorme cheio de verdura e frutas como entrada. E cuidou de si, da sua alimentação. O Crispino, o Antonio Carlos, o Fernandes sem o bigode, remoçado e mais uns poucos. Formou-se logo um ambiente acolhedor.
Jorge é o nosso garçom, muito simpático, um negro de uns quarenta anos ou menos, ou mais, sabe-se lá, mas um companheiro desse almoço mensal e nos trata com deferência, muito legal.
E foi chegando os retardatários, O Waldir. O Kalil, de óculos escuros, bem devagarzinho, sentou-se a meu lado.
E foram chegando todos. Murilo estava muito alegre e descontraído, contou que éramos um total de dezesseis;
Chegou o Marcio Fraga, de cabelos brancos, lindo e simpático. Aquele bonitão esportista de camisa vermelha que me falha seu nome agora, um dos mais lindos da turma.
Os retardatários foram o Carlos Alberto Coelho da Rocha, o Delia, o Prodonoff, e o EJ e mais alguns que se sentaram no outro extremo da mesa.
Chico logo escolheu seu lugar diante daquele que tem uma casa para terceira idade, muito querido e que me falta seu nome agora, porque ele queria companheiro que sabe conversar, ou seja, falar em coisas risonhas, bom astral, nada de doenças, cirurgias e outras milongas mais.
Talvez esteja esquecendo alguém, mas pedi ao Jorge uma Skol gelada só para mim. Os outros foram de Boêmia.
Desabafei com Murillo que estava comovida e me sentindo desprotegida. Ele fez varias operações neste mês que passou. Disse que não joga mais o vôlei de praia.
Olhei amorosamente cada um, cabelos embranquecendo, meninos animados de se encontrarem, uma coisa linda a nossa turma. Éramos duzentos.
Conversamos, comemos pasteizinhos de queijo, breguetes e uma palavra difícil que o Kalil chama coisinha gostosa, variadas, tipo antepasto. Estava de óculos escuros e bonezinho. Tranquilamente disse que agora tem uma babá que cuida dele e que recebe a biópsia via internet. Charmoso, magrinho, no abraço se sente todos os seus ossos.
Foi lindo, pedi um mamão de sobremesa, paguei e me despedi de todos, um de cada vez, é um acontecimento muito bonito e especial, cheio de ternura e delicadeza uns com os outros.
É Amor de estudantes. Somos eternamente “meninos”.
Que Deus nos proteja e preserve a todos.
Fui e voltei.
Fui ao meio dia e cheguei a casa às duas e meia.
Desde ontem; vou ou não vou?
Fui depois de muitas considerações.
Valeu.
A blusa nova que ninguém ia notar estava comprida e as mangas também. Como não dava tempo, e sei que ninguém ia perceber, cortei simplesmente o excesso de comprimento das mangas e da blusa.
O taxista que me levou tinha um aliviante ar condicionado no taxi. Cabelos brancos. Perguntei direto “qual sua idade?” E disse, fiz as contas, tinha vinte menos que eu. Fui logo falando ao que ia e disse estar meio triste, pois estou envelhecendo. Chegou logo, era perto. Estacionou no páteo, virou-se, e me passou uma advertência filosófica: nesta fase da vida não temos a mesma energia de tempos atrás, então tem que aproveitar os minutos de agora, são preciosos e são tudo o que temos.
Enquanto falava olhos diretos aos meus olhos, era um homem bonito de olhos bonitos e cabelos brancos, oh! Deus com toda a sabedoria que um homem precisa ter. Peguei sua mão e bati trocando energia, ele me passou coisas boas e fez meu sorriso se abrir. Disse me animando “olha que sorriso bonito!”
E eu retruquei – vc tem os olhos bonitos!
Filosofou ainda coisas importantes, mas já era hora de eu chegar, despedímo-nos. Aprumei-me e entrei.
O salão com ar refrigerado, tava lá o Chico, nosso mestre de cerimônias e uns poucos. Murillo foi logo se servindo um prato enorme cheio de verdura e frutas como entrada. E cuidou de si, da sua alimentação. O Crispino, o Antonio Carlos, o Fernandes sem o bigode, remoçado e mais uns poucos. Formou-se logo um ambiente acolhedor.
Jorge é o nosso garçom, muito simpático, um negro de uns quarenta anos ou menos, ou mais, sabe-se lá, mas um companheiro desse almoço mensal e nos trata com deferência, muito legal.
E foi chegando os retardatários, O Waldir. O Kalil, de óculos escuros, bem devagarzinho, sentou-se a meu lado.
E foram chegando todos. Murilo estava muito alegre e descontraído, contou que éramos um total de dezesseis;
Chegou o Marcio Fraga, de cabelos brancos, lindo e simpático. Aquele bonitão esportista de camisa vermelha que me falha seu nome agora, um dos mais lindos da turma.
Os retardatários foram o Carlos Alberto Coelho da Rocha, o Delia, o Prodonoff, e o EJ e mais alguns que se sentaram no outro extremo da mesa.
Chico logo escolheu seu lugar diante daquele que tem uma casa para terceira idade, muito querido e que me falta seu nome agora, porque ele queria companheiro que sabe conversar, ou seja, falar em coisas risonhas, bom astral, nada de doenças, cirurgias e outras milongas mais.
Talvez esteja esquecendo alguém, mas pedi ao Jorge uma Skol gelada só para mim. Os outros foram de Boêmia.
Desabafei com Murillo que estava comovida e me sentindo desprotegida. Ele fez varias operações neste mês que passou. Disse que não joga mais o vôlei de praia.
Olhei amorosamente cada um, cabelos embranquecendo, meninos animados de se encontrarem, uma coisa linda a nossa turma. Éramos duzentos.
Conversamos, comemos pasteizinhos de queijo, breguetes e uma palavra difícil que o Kalil chama coisinha gostosa, variadas, tipo antepasto. Estava de óculos escuros e bonezinho. Tranquilamente disse que agora tem uma babá que cuida dele e que recebe a biópsia via internet. Charmoso, magrinho, no abraço se sente todos os seus ossos.
Foi lindo, pedi um mamão de sobremesa, paguei e me despedi de todos, um de cada vez, é um acontecimento muito bonito e especial, cheio de ternura e delicadeza uns com os outros.
É Amor de estudantes. Somos eternamente “meninos”.
Que Deus nos proteja e preserve a todos.