Sinopse da vida real

Enquanto os célebres indicados e vencedores do Oscar não chegam às prateleiras da videolocadoras, prefiro locar uma opção empoeirada pela ação do tempo, do que assistir aos lançamentos descartáveis que se oferecem a mim pedindo-me que os leve para casa e depois morra de arrependimento. Mais pelo tempo desperdiçado do que pelo dinheiro perdido.

O Amor Pode dar Certo,não é um lançamento. Com uma produção simples, estrelado pelos belos Dermot Mulroney e Amanda Peet. Sem muita expressividade (na minha opinião), apesar do tema pender para dramalhão.O que chamou a minha atenção, portanto, não foi a obra cinematográfica em sim, mas sim o assunto abordado.

Após saber que está com um câncer terminal, o homem decide viver ao máximo os dias que ainda lhe restam. Em uma aula de psicologia conhece uma jovem com quem se envolve emocionalmente, mas ela também está morrendo.

O Amor Pode dar Certo retrata a ânsia de viver que é despertada no momento em que o personagem descobre que, os seus dias de vida estão contados. E passa, a partir daí, a fazer tudo aquilo que sempre desejou mas, que por um motivo ou por outro, não fez. Coisas bizarras como entrar furtivamente pela porta dos fundos de um cinema e ser perseguido pelo lanterninha.Pixar paredes com desenhos infantis e ser descoberto por policiais. Pescar e jogar basquete. Caminhar na praia. Passar a noite acordado só para ver o sol nascer. Fazer amor até não poder mais.

No desenrolar do filme, fiquei refletindo o quanto isto acontece do lado de cá. Fora do enredo de ficção, aqui na vida real. O thriller nos remete a sensação de “dé jà vu”, pois a realidade que se mostra a nós, na qual a vida só é vista de frente quando estamos cara a cara com a morte, é o que realmente acontece. A grande maioria vive como se fosse ficar para semente. Dando-se ao luxo de desperdiçar cada segundo vivido, ignorando que a pulsação que os mantém vivo, é a mesma que alerta para o quanto a vida é frágil e exaurível.

O que continua despertando a felicidade das pessoas é o consumismo desenfreado e a ascensão na escala social. O cara busca e valoriza títulos, posses, posições e os persegue como a um bilhete para adentrar num mundo mais feliz. Até que num fatídico dia, descobre que vai morrer...A vida assume o The End antes do final da fita e sem que se consiga rebobinar, a história simplesmente acaba.

O filme que assisti termina em lágrimas, pois é desta forma que reagimos diante da morte. Desligo a TV e permaneço pensando... Na história que acabei de assistir o que mudou a vida do personagem, levando-o a viver intensamente, foi o laudo da doença terminal. Então, se na história que protagonizamos é isso que falta para vivermos plenamente, por que não mudamos agora? Afinal, com ou sem um laudo, quem garante que estaremos vivos amanhã?

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 12/03/2009
Reeditado em 12/03/2009
Código do texto: T1483680