Perigo na área!

Perigo na área!

* Fernando Pereira de Aguilar

A imprensa futebolística nacional não se cansa de rasgar elogios ao Ronaldo. Desde que voltou ao Brasil, para se recuperar de mais uma cirurgia no joelho, o ‘fenômeno’ tem estampado as capas dos jornais, revistas, outdoors. Realmente ele é um “pop star” Tupiniquim, a mídia nacional estava sentido necessidade de uma personagem para se deleitar e porque não idealiza-la como um modelo de superação, coragem e admiração.

Nesse sentido, Ronaldo Nazario de Lima, agora ganhou um novo adjetivo “guerreiro”, um herói épico que voltou da Europa depois de vagar por vários times do velho continente. Comentaristas e locutores fazem refletir em Ronaldo uma áurea quase mágica e intransponível.

No jogo contra o arqui-rival Palmeiras, o goleador marcou um gol e ganhou mais uma qualidade, agora ele é o “iluminado”, a isso nos recordamos outro atacante baixinho e marrento que certa vez disse “Deus apontou o dedo pra mim e disse: esse é o cara..”. Outro jogador de Recife chamado Carlinhos bala, também não deixou pra menos quando marcou um gol tempos atrás contra o mesmo Corinthians, ele disse que tinha sonhado marcando o gol e que Deus o havia revelado no sonho. Se estivéssemos na idade média certamente esses homens de “bem” seriam queimados em praça pública condenados por blasfêmia. Quanto sacrilégio, diria o vigário da igreja que fica na esquina de casa.

No contexto esportivo brasileiro, carregado de folclore temos vários apelidos que merecem destaques como: animal, matador, gladiador. Todos remetem à violência e a “irracionalidade” que emerge nos atos dos torcedores, pois a imprensa defende que eles são movidos pela paixão. Então em nome de um afeto violento, danificam o patrimônio público, espancam adversários e os matam, retrocedendo à barbárie.

Não sou contra nenhum tipo de adjetivo aos jogadores, mas convenhamos idealizar um simples mortal, cheio de maculas como outro qualquer é correr o risco de incitar uma torcida eufórica e “doente” para que não meda esforços para “guerrear” contra as rivais em prol de um ser quase que mitológico ou divino. Depois essa mesma imprensa hipócrita discursará contra a violência dos fanáticos, e porque não “iluminados” que conseguem viver com um salário de fome sacrificando-se para irem ao estádio e vibrar por uma vitória do seu “time do coração”, ou por um ídolo que caiba nos seus sonhos.

*Aluno do 6º período de Letra

PUCMINAS - Betim

duende
Enviado por duende em 12/03/2009
Código do texto: T1482735