16 POLITICAMENTE CORRETO?
A sra. dona Mídia, nos últimos tempos, tem falado demais do que é ou não é "politicamente correto" e do que é ou não "politicamente incorreto".
Ora, bobagem de dona Mídia! Como se em política (com o "p" minúsculo) alguma coisa, neste mundão largado de meu Deus, seja ou esteja politicamente correta. Com o "p" minúsculo, a política não passa mesmo é de politicalha... E só emporcalha.
Não me achem pessimista, não. Não critico a Política (aquela com o "P" maiúsculo), que é uma ciência social de grande valia e merece o nosso respeito. Mas somente aquela da teoria, estudada nos livros, desde Platão e Aristóteles.
Aí vem a sra. dona Mídia e enumera, em duas listas, o que é e o que não é que o cidadão comum deve dizer e/ou escrever, seja em público, pelos meios de comunicação ou nos documentos oficiais.
Macacos me mordam, pois, se eu for decorar essas tais listas de boas maneiras, coisas bem comportadas e normativas a serem empregadas na linguagem.
É preferível falar desabotoado. Dar nome aos bois como fazem aqueles personagens mais desbocados de Lins do Rego e Jorge Amado, em cujos romances "ser filho de uma égua" é o mesmo que ser filho de uma porca ou de uma cadela.
Politicamente correto? Ah!... Vá dona Mídia olhar se eu estou ali na esquina. Que ela diga que não é delicado chamar um preto de negro ou um pederasta de veado. Então que se use o eufemismo; diga-lhes que, respectivamente, o primeiro é um cidadão de cor, tudo bem, e que o outro é um cara que tem sua própria opção sexual, etc., etc., etc.
Agora, dizer que "judiar" não é o mesmo que "maltratar", aí a coisa muda. Jesus Cristo que o diga. E quem foi que Lhe meteu o cipó-de-boi no lombo, ãh, quem foi? Vocês ou eu?
Não se trata, apenas, de ser ou não ser "politicamente" correta ou incorreta tal ou qual palavrinha ou expressão. Quero ver é o que é humanamente correto, aí, sim, cara desfigurada.
Humanamente incorreto é Israel, soprado e incentivado pelos States of America dos ianques das quantas baixarem o pau nas crianças, velhos e mulheres da Palestina, inclusas aí a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Lá, naquele pedaço de Oriente Médio, o fascismo sionista, sem eufemismo algum, o que faz, sem dó, é "judiar", bombardeando e devastando populações inteiras, a semear a morte. Os palestinos mortos e mutilados que o digam.
Não e não, sra. dona Mídia. Por favor, não nos roube este verbinho tão fatídico, humanamente vagabundo, mas semanticamente correto, quiçá de circulação em todas as línguas vivas do planeta Terra: "judiar".
Fort., 10/03/2009.