A emoção não deixou que me lembrasse:
Este texto é acompanhado da música
"MULHER" - de Eramos Carlos - linda!

(
http://www.millapereira.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=1475254)


MULHERES HEROÍNAS!
 
Levantou-se de madrugada, tomou um banho rápido de água fria naquele banheiro minúsculo, passou um pente nos cabelos sem olhar-se no espelho, botou a bolsa em baixo do braço, entrou rapidamente no pequeno quarto onde seus quatro filhos dormiam em duas pequenas camas, beijou-os, fechou a porta e saiu para o trabalho.
 
Subiu uma rampa sem calçamento, barrenta – havia chovido muito durante toda a noite o que tornava aquela rua estreita, quase intransitável nessas ocasiões – chegou ao ponto de ônibus, esperou por mais de meia hora até que ele passasse e viajou espremida pela multidão de passageiros até a estação do Metrô.
 
Tomou o trem e seguiu até o próximo ponto de ônibus, onde deveria embarcar no terceiro meio de transporte até chegar ao seu destino – a empresa onde trabalhava como faxineira de uma grande indústria. Essa era a sua rotina diária. Essa era a sua vida.
 
Parou por um instante e pensou. Quatro filhos e os criara sozinha, desde que o marido morrera aos quarenta anos de idade. Estava viúva desde então e não lhe sobrava tempo nem mesmo para pensar em um novo amor, já passados 12 anos de sua viuvez. O único bem que lhe deixara – além da mísera pensão de um salário mínimo – eram seus quatro filhos. Dois adolescentes e duas crianças ainda.
 
Mas ela não tinha tempo para reflexões prolongadas – essa era a sua vida, ela precisava direcionar todas as suas forças para os fatos – era feliz assim com o que Deus lhe dera, a única coisa que queria era ver seus filhos crescerem saudáveis e para isso, ela vivia.
 
Trabalhara o dia todo – serviço pesado de limpeza – caprichosa como sempre fora, não deixava nada para depois – gostava de fazer tudo muito bem feito. Ela era assim. Após o dia estafante, dirigiu-se ao ponto de ônibus e fez a longa viagem de volta, até sua pequena casa, na periferia da cidade, bem tarde da noite. Os mais novos já estavam dormindo, pois foram cuidados pela filha adolescente, mais velha. Ela passara à filha todos os ensinamentos que recebera da mãe. Nunca se esquecendo do carinho e amor. 

Foi até a cozinha, deu uma geral na arrumação, pegou todas as roupas sujas e lavou-as, fez o almoço do dia seguinte, preparou sua marmita, deixou tudo muito bem organizado. A casa era minúscula e não podia se dar ao luxo de desorganização.

 
Tomou um banho, um copo de leite, sentou-se diante da TV, mas adormeceu logo em seguida. O dia seguinte seria mais uma etapa, como todos os dias. Essa era a sua vida.
 
Ah! Essas mulheres batalhadoras, que não se enfraquecem diante das adversidades, não se lamentam nem se consideram infelizes pela vida que lhes foi reservada. Essas mulheres que não desistem e jamais perdem a esperança. Essas mulheres, felizes, apesar da vida conspirar contra elas. Essas mulheres simples - não sabem o que é silicone, drenagem linfática, malhação, shoppings à tarde, café com amigas. Que há muito tempo não tem quem as abrace e lhes fale de amor! Na têm tempo para amar!
 
FELIZ DIA DAS MULHERES A TODAS AS HEROÍNAS QUE FAZEM A DIFERENÇA!