Mana Duke e os Irmãos de Taizé

Sei que é recorrente falar de amizade nestes dias, mas a amizade é um campo fértil para mim ao contrário do amor.

A amizade é o cerne de tudo, é tudo é o todo ao redor do qual orbita o meu astro, a amizade é o sol que me orienta, o chamamento silencioso, a razão e parte grande, imensa do meu ser, parte do meu Deus.

Já tive incontáveis amizades que se esfumaram quase naturalmente no tempo, algo que já não me incomoda, pois acho que tenho as amizades suficientes para uma vida, por muito longa que esta seja.

Fiz amizades um pouco por todo o lado, mas as que fiz em Taizé possuem um sabor único especial, talvez pelo local onde foram feitas, ou talvez porque lá a minha alma e corações se encontrem no seu esplendor, no seu “cantinho do céu na Terra” e lá eu seja eu sem me preocupar em eriçar as minhas defesas que erejo no exterior, no resto do mundo, no resto dos meus mundos.

Cada pessoa que me toca na alma naquele local eu passo a tratar por Irmão ou Irmã, por uma questão religiosa e também pura e genuinamente fraternal.

Vou a Taizé desde 2004 e ao longo deste tempo a minha família ganhou mais alguns elementos, o meu grupo de Imortais ganhou algumas almas, e contra o que me é habitual vou tratar esses pessoas pelo seu nome: mana Duke, irmão Luís, Irmão Fernando.

Há outras pessoas, mas estas são as quais com que me identifico mais, apesar de haver uma geração a separar-nos. São pessoas únicas que choram quando eu choro, que rezam quando eu rezo, que sobem aos céus quando alcanço uma vitória, que ficam ainda mais felizes do que eu quando eu estou feliz.

Isto diz muito, isto diz que há laços que nos unem mais fortes do que o sangue, laços de alma, inquebráveis, inquebrantáveis.

Este grupo que refiro estavam em Taizé e foram em parte responsáveis quando voltei a acreditar em Deus, deram-me uma força que não se explica e saudaram o meu regresso à casa desse Deus como Irmãos.

É raro ver essas pessoas, mas quando calha encontrá-las abraçamo-nos fraternalmente e em cada uma dessas pessoas vejo um brilhozinho nos olhos que é mais uma das formas de me saudarem, e o nosso Deus sabe como aprecio essa saudação.

Mana Duke…encontramo-nos regularmente na internet e andamos sempre a gozar um com o outro, ela chama-me velho e eu pergunto-lhe como corre o jardim de infância, apesar da rapariga andar na Universidade…Cada vez que tenho uma novidade procuro-a para lha transmitir em primeira mão e ai, a brincadeira acaba e ela escuta a novidade com toda a atenção e entusiasmos.

É difícil explicar o que ela representa para mim como pessoa e assim as palavras rareiam para a descrever, mas arrisco essa tarefa…É irmã que nunca tive, e sendo eu muito chegado à família este termo diz tudo…É das tais pessoas pelas quais eu faria tudo, mas tudo, sacrificando o que quer que fosse para a ver bem, a ver feliz, pois uma sombra percorre o meu horizonte quando a sinto triste. Como não tenho jeito nenhum para a fotografia, quando quero fotos com a minha pessoa, peço-lhe a ela que mas tire, pois além de ser uma desenhadora invulgarmente dotada, é, provavelmente a melhor fotografa que conheço, pois tem o dom da arte das grandes artistas e tudo o que ela fotografa ou desenha possui uma beleza enorme, a beleza da sua grande e nobre alma.

E é por isso que nas alturas mais tristes eu julgo que a vida vale a pena, pois quem tem amigos e amigas deste calibre, desta envergadura, quem possui uma família assim só pode e deve mesmo ser obrigatoriamente feliz.

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 07/03/2009
Código do texto: T1474353
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