Maria, uma amiga, daquelas de ir a igreja toda semana, conta que sua filha está grávida. Menina de 20 anos, loira, linda, com um futuro todo pela frente, é Mãe solteira, aumentando as estatísticas brasileiras em pleno século XXI, não é incríve?!
   As novas ou maduras, continuam a cometer as mesmas imprudências de sempre, mesmo com todo o avanço tecnológico, cultural e humanístico dos povos.
   O pai é um rapaz que não para em empregos, é mal visto pela família (dela) e, no entanto, a gravidez está aí e a moça "quer por que quer" o namorado. Fazer o quê? Nada a fazer, Maria já é a cabeça da família, tem emprego e mais dois filhos, uma professora e um padre (que alívio! Talvez possa dar mais um socorro espiritual in loco) e ainda cuida de uma mãe idosa.
O resultado disso todos sabemos, ficará com mais um encargo emocional e financeiro sobre os ombros.
   “Eu não vou cuidar, ela que crie”, diz Maria.
   Vamos esperar o tempo, aquele que cura tudo e muda tudo, quando ela se der conta a “cara de joelho” estará pendurada na barra de sua saia e com certeza não irá resistir, vai virar refém do nenê, como todas nós viraríamos. São processos emocionais intensos que a mulher há muito vem sofrendo no decorrer da história da humanidade. E a família de Maria é o retrato de uma sociedade onde a mulher está no comando.
   Este papo todo é para pensar e fazer pensar sobre o dia internacional da mulher, 8 de março. Falar sobre o que ainda está acontecendo com o antigo sexo frágil, que está na "batalha".
   Como estão vivendo as mulheres de nosso tempo?
 A internet e as redes sociais são uma realidade e vemos um batalhão feminino fazendo blogs, sites. Instagram e WhatsApp e buscando amores em relacionamentos virtuais para virarem reais...Desde as mais novinhas até as mais maduras. Novos tempos, mas isto é assunto pra outra hora.
   Estatísticas dizem que a presença delas no mercado de trabalho está quase empatando com os homens, mas será que já são pagas tanto quanto eles? Elas são atualmente mulheres mais empenhadas, em busca da realização profissional, mas e na hora das demissões, que esta crise tão alardeada por aí traz, elas não são as mais vulneráveis? Claro que sim. Na competição com os homens, ainda continuam discriminadas, com raras exceções.
    E emocionalmente a mulher cresceu?
   Conheço muitas ainda com o complexo de Cinderela aflorado, buscando se us príncipes e caindo em verdadeiras roubadas por aí: abusos, traição, abandono. É, parece que o homem também continua o mesmo. Hoje é normal aquelas que procuram parceiros apenas para fazer sexo, sem compromissos.
“Eu tenho a minha vida, minha filha, não quero saber de nada, quando eu preciso eu transo e só”, diz outra amiga, a Ana.
      Tá certo. São os novos tempos de direitos iguais, mas e o amor? Evaporou-se? Não é mais viável?
      Em nome deste bendito amor umas se submetem a delírios e fantasias sem propósitos, outras deixam ele de lado pra tocar suas vidas e prioridades, tornando-se céticas em relação ao amor. Pergunto então: não é mais possível o amor e a felicidade entre as pessoas? Homens e mulheres conseguem trilhar juntos os mesmos caminhos? Parece que não.
      O comportamento mudou, mas a mulher continua sofrendo do mesmo jeito, às vezes sobrecarregada, dando um duro danado pra tocar a sua vida, as agruras de um relacionamento e de escolhas erradas.
      O que mais assusta são adolescentes grávidas, e aí eu volto no assunto: como a filha de Maria "caiu nessa", apesar de tanta informação rolando? Com a responsabilidade de ser mãe e ser alguém produtivo ceifa as suas possibilidades de preparar–se plenamente para o futuro. Vira questão de sobrevivência.
      Sem falar na violência contra mulheres. Homens que ainda consideram-se donos de suas mulheres e as submetem física e emocionalmente, e estas destroçadas se deixam levar pela vida afora. E os abusos sexuais de pais, familiares e adultos em meninas e adolescentes? É monstruoso.
      As Delegacias de mulheres, criadas nas décadas de 80/90 estão aí pra comprovar todos os tipos de violência contra mulheres e há muitas entidades, associações e ONGs solidárias que oferecem abrigos e orientações para libertar a mulher do jugo. A Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, que já é conhecida por mais de 83% das mulheres, e prevê penas aos agressores, mas mesmo assim o medo ainda impera em 78% delas.
      O que acontece neste mundo de Deus? Quando as mulheres realmente serão respeitadas em suas individualidades? Talvez nos próximos séculos.
Talvez quando esta sociedade deixar de ser doente.
      Este 8 de março que seja de reflexão novamente para promovermos mudanças nesta nossa sociedade dita civilizada, que ainda tem em seu seio adolescentes despreparadas, famílias reféns de desajustados que se alimentam da violência contra as mulheres, onde reina o medo e a desesperança de uma vida digna.
      Que este 8 de março leve a novos caminhos, dizendo NÃO a situações indesejadas.
      E a você Maria, vovó sem querer, deixo minha solidariedade, quando precisar de alguém pra embalar também, lá vou eu....


(Pintura a óleo realizada para ilustrar campanha de combate à violência contra mulheres.
site http://www.rafazig.net/ilustracao.html)
Soninha Porto Flor
Enviado por Soninha Porto Flor em 07/03/2009
Reeditado em 06/05/2020
Código do texto: T1473671
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