ANJO OU DEMÔNIO ?

Vivemos num mundo paradoxalmente perfeito e imperfeito. Perfeito ao que se refere às obras da natureza. Imperfeito ao que se refere às ações degradantes do fator humano. Podemos e devemos nos qualificar (sem medo e com vergonha) como os agentes poluentes do “wonderful world”.

Existem várias formas de poluir, de sujar e de deteriorar. A poluição ambiental é apenas uma delas, e neste momento, não é sobre ela que vou discorrer. O universo perfeito encontra-se doente. Vítima de vícios destrutivos que, de uma forma sutil e gradativa, corroem a atmosfera do bem, transformando o ar que respiramos em dependente e sujo.

Da mesma forma, não me refiro aos vícios identificados pela ciência. Estes estão escancarados nos outdoors da vida e são tão bem conhecidos quanto controláveis. A todo instante nossa mente lê a lição que alerta: O fumo mata, o álcool mata, a droga mata. Ou seja, tememos muito mais aquilo que tem forma.

Refiro-me, porém, a um desequilibro que talvez seja o gerador de todas as catástrofes. Aparentemente subliminar e inofensivo (como a figura do mal geralmente se apresenta), oculta a perversidade dos efeitos nocivos que tem causado, e que imperceptivelmente faz aumentar o buraco da camada energética do planeta.

Os que crêem (assim como eu) que, o universo é uma cadeia energética, na qual o positivo e o negativo são geradores de energias similares e como imã atraem aquilo que causam, já devem ter matado a charada na qual os envolvi até aqui.

Então é isto: a negatividade está no ar. O ser humano reveste-se de uma massa corpórea agradável aos olhos (aparentemente inofensiva), conseguindo desta forma ocultar a energia destrutiva armazenada em seu íntimo. Alguém já ouviu falar em “lobo em pele de cordeiro?” Qualquer semelhança não é mera coincidência. O vicio do mal está proliferando-se pelas ruelas do nosso dia a dia, como um garoto indefeso, que a qualquer hora aponta um punhal e fatalmente machuca.

As pessoas estão viciadas em falar mal dos outros, em desejar mal aos outros, em caluniar os outros, em difamar os outros... Simplesmente porque o êxtase da felicidade própria só é alcançado cheirando, bebendo, tragando, a infelicidade alheia. Vício maldito que a ciência não rotula, e por isso permanece nos “indoors” da mente doente. Lobo feroz, capaz de aniquilar sem deixar rastros.

E aí, vemos seguidores de Deus, sentados sobre bancos, buscando nos diversos tipos de oração a indulgência para suas fraquezas. Pobre Deus! Que nos deu o livre arbítrio, e nos conferiu o seu próprio poder. Talvez aí tenha havido a distorção. O mundo está cheio de semideuses tortos, que se acham com o poder de julgar, condenar e executar (os outros). Porque o espelho de cada um deve estar refletindo a toda hora uma figura dotada de asas brancas e auréola luminosa.

Pobres seres poluidores do universo, propagadores de uma energia destruidora. O bem e mal não possuem forma, mas têm o poder de criar ou destruir. Miremo-nos melhor em nossos espelhos. Assim como asas e aureolas são meros elementos figurativos; chifres e tridentes também o são. Anjo ou demônio é a energia que mora dentro de nós. Portanto, o nosso céu ou o nosso inferno já se encontra em construção (a todo vapor). E adivinha quem é o arquiteto?

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 06/03/2009
Reeditado em 06/03/2009
Código do texto: T1472455