Tudo cinza
Sob um céu nublado de uma densa cor cinza, pingos de chuva fina e gélida caem sobre um corpo que, ainda vivo em matéria, encontra-se morto em pensamento. Pobre ser humano, vestes escuras, com uma longa calça escura, camiseta e uma camisa social aberta, ambas de cor preta, com o cabelo molhado pelas gotas de chuva, caminha pela cidade sem ao menos ter um rumo definido, a única coisa que consegue fazer nesse momento é andar, andar, andar e andar... não consegue pensar em nada, só pensa em andar. Olhando sempre para o chão molhado, pisando em poças de agua, sendo molhado pelos carros que passam pela rua com velocidade para não ficarem atolados ou até mesmo para chegarem depressa ao seu destino, coisa que o pobre homem não tem. Seu caminhar é lento mas ao mesmo tempo constante, ele não pára, segue sempre enfrente, não olha para traz, não da um sinal de sentimento, anda como se estivesse programado para aquilo, apenas anda, não olha, não fala, não sente a chuva caindo sobre seu corpo, seus cabelos ensopados pela abundante agua que cai do céu sem trégua, sem descanso e a cada minuto aumenta mais e mais. A cidade parece estar de luto, pouco mais das 18:00 Hrs, tudo esta cinza, a noite não vem, o dia não se vai, como se ambos estivessem contra esse homem. O sol não se vai porque não quer que o dia desse homem acabe, quer que ele sinta essa dor por horas , não quer deixa-lo descansar uma noite, dormir, refletir, quer apenas que ele se arraste por um longo dia, sem descanso, apenas com sua infinita dor, e a noite não quer vir para que ela não sinta a dor do coração desse homem, a noite esta com medo dele, não quer ouvir suas magoas, não quer deixa-lo se abrir, desabafar, quer que ele sofra suas dores sozinho, sem ninguém, não quer que ele durma e acorde, tanto o dia quanto a noite parecem conspirarem contra esse homem, ou sentem medo dele, isso, é o que esta se passando na mente deste ser, que não vê o dia acabar e nem ve a noite chegar... as praças estão desertas, as flores não se mostram perante ele, o dia esta sem cor, as aguas do lago na praça estão quietas, apenas recebendo e sendo anfitriãs das gotas de chuva que caem e caem em seus aposentos. O homem chega a um certo ponto da praça onde um banco esta isolado, não há ninguém por perto, as arvores da praça estão em silencio, os pássaros em seus ninhos não cantam, nem voam, a cidade esta de luto. O homem senta-se no banco, com as pernas meio abertas, seus braços entre as coxas e suas mãos caidas, sem forças, seu olhar mira o chão, seus cabelos encobrem os lados de sua face, como se estivessem o escondendo do mundo, ele não sente nada, seus olhos veem apenas um chão sendo molhado, suas costas recebem açoites de agua, que não param de castiga-lo, ele esta sozinho, sem ninguém, sem um colega, sem um conhecido, sem um familiar, sem um amigo. Num momento talvez de fraqueza uma lembrança vem a tona, ele vê pessoas sorrindo, ele se lembra de seu passado, o quão feliz que ele era, seus poucos, mas valiosos amigos, todos sorrindo e brincando parecem esta felizes, num instante ele fecha os olhos como se estivesse sentindo uma forte dor, leva a mão ao peito no lado esquerdo, aperta como se estivesse tentando sufocar a dor. Abre uma fresta em seu olho esquerdo, e sem ao menos querer ou notar, uma lagrima se destaca no meio das gotas de chuva, no instante em que ele a nota, torna a fechar seu olho, a chuva cessa quase que imediatamente após, ele solta sua camisa ensopada, abre seus olhos tristes, a imagem de seus amigos estão fixadas em sua mente, como se estivessem querendo pular da lembrança para o presente momento. A dor da solidão estava realmente o abalando, ele sabia que seus amigos sempre estariam la para o apoiarem, pois ele mesmo tinha fugido, seu coração ferido pela dor de uma amizade frustrada o havia deixado em estado de falência, mas suas amizades verdadeiras ainda estariam sempre la, pois uma amizade verdadeira não se desfaz, ela permanece por toda eternidade, acredite no seu coração, amizades fortalecidas com o amor, nunca se frustrarão, elas podem ser abaladas, mas nunca demolidas. A lua se desponta por de traz de uma nuvem, sua luz branca se destaca no meio do manto da noite que se sobrepôs ao sol e ao dia, a noite veio para consolar esse homem, e dar a ele a oportunidade de um novo amanhecer, uma nova esperança de rever seus amigos, e dar a eles a oportunidade de ajuda-lo, afinal, um amigo é mais chegado que um irmão!!!
sob o céu estrelado um homem caminha, com seu cabelo jogado para traz, suas vestes molhadas, seus olhos fundos, mas esperançosos, seus passos firmes e coração restaurado, na busca pelo conforto e consolo de seus amigos, pois ele sabe que sempre que precisar de um amigo, sempre haverá seus verdadeiros amigos há sua espera...