A construção de um ninho (Cont. de O Direito de ir e vir )

No meu quintal apareceu um casal de pássaro que não sei dizer o nome. Eles têm bico e área dos olhos de um vermelho vivo, o papo e as outras partes de baixo clarinho, e em cima suas penas são uma mistura de marrom com cinza. São pequenos, porém têm um canto forte e de beleza ímpar.

Começaram a fazer um ninho, e todos os dias passei a observar aquela movimentação intensa. Pareciam ter pressa. Depois da construção ficaram mais sossegados.

Dizem que até os animais pode nos ensinar alguma coisa. Tive essa confirmação através do que pude observar na labuta diária daqueles pássaros:

Primeiro, eles trabalham juntos. Somam, em vez de dividir. Estão em busca do mesmo o alvo, sabem o que querem e visam dar o melhor de si. Quantas vezes agimos de forma tal, que já entramos perdendo; em vez de somarmos, em vez de saber o que queremos, em vez de lutarmos com o mesmo objetivo, agimos de forma individualista, visando apenas o nosso querer, o nosso alvo, as nossas conquistas.

Segundo, aqueles pássaros demonstravam preocupação um com o outro. Quando um cansava, o outro parava e lhe dava toda atenção. Só depois recomeçavam juntos e com total dedicação. Em pouco tempo puderam contemplar o fruto dos seus esforços: um ninho, cinco vezes o tamanho deles, com formato de túnel, boca estreita davam total proteção e dificultava a entrada de estranhos. Olhando para o modo que nos relacionamos com o nosso cônjuge, nossos filhos, nossos parentes, e amigos, percebemos que somos tão descuidados com o que Deus nos tem presenteado. Muitas vezes não velamos pelos sentimentos que nos une aos que estão diariamente à nossa volta. Na construção de um lar muitas vezes há pouca preocupação com a base. Os fios que farão do lar um ninho de aconchego e amor; onde é prazeroso o fazer parte é posto sem nenhum zelo, e quando vêm as chuvas, os ventos, as pedras,... o lar é desfeito, a destruição é grande. Muitas vezes facilitamos a entrada de coisas estranhas que em vez de trazer benefícios, trarão lágrimas e desolação.

Diziam os antigos que o amor no casamento, o amor entre pais e filhos e o amor entre amigos é como uma planta que precisa ser regada. Hoje se pensa diferente: ¨O amor seja eterno enquanto dure¨.É claro que esse amor não vai durar! Por que eu só invisto se não encontrar algo mais lucrativo à frente, então não perco tempo em cuidar do meu jardim. É uma pena vermos tantas vidas dilaceradas porque não aprenderam a construir, nem tão pouco a plantar; então jamais verão a construção terminada, e nem colherão os frutos da sua semeadura. Plantarão e outros colherão.

Terceiro, exercitam a arte de esperar. Como é difícil aguardarmos com paciência? Estamos o tempo todo numa pressa como se o tempo nos escapasse; se aprendêssemos a esperar, teríamos mais saúde, usufruiríamos mais das belezas que estão ao nosso alcance, descobriríamos o verdadeiro valor das coisas, e não daríamos tanta importância ao que realmente não tem valor.

Quarto, eles tem cuidado um do outro. Enquanto um está no ninho, o outro sai para se alimentar,porém sempre volta, dando a certeza pra quem fica que a aliança é tão forte que o ¨pensamento¨ está ligado. Há um fio que os mantêm unidos, inseparáveis. Precisamos mesmo distante continuar com os sentimentos ligados em quem nos importa. Nosso cônjuge, nossos filhos, parentes e amigos fazem parte da nossa vida, e devemos demonstrar através de palavras e ações que eles são uma parte de nós. Não precisa muito: um olhar, uma carinho, um piscar de olhos, um elogio, um sorriso, uma flor, um bilhetinho, um desenho, uma bala...Tudo que vem do coração tem valor, não importa o tamanho, o que vale realmente é o que queremos dizer através da nossa oferta.

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 06/03/2009
Reeditado em 18/03/2009
Código do texto: T1472149
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