Fantasia... Utopia

“Bom é encarar a vida com fantasia”, diz Pedro Bial. Mas que fantasia? Como podemos ver fantasias em meio a tanta desigualdade? Como ver fantasia diante de tanto sangue inocente derramado? Como ver fantasia em meio à tanta corrupção, em meio a tanta mentira? Como ver a vida com fantasia diante de tanta doença? Como ver fantasia?

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Dizia o filósofo para Aproveitarmos o Dia, para buscarmos a felicidade na vida, buscar a fantasia. O mais correto, na verdade, seria pedir que buscássemos a utopia da vida, ou ainda, encarar a vida com utopia!

Tudo tornaria-se mais cômodo, utópico!

Acreditar que um dia, bem remoto, a vida terá de novo sua fantasia, pois não haverá em nenhuma parte do mundo desigualdade, todos terão uma vida digna, muito digna e feliz. Nesse dia também não haverá mais sangue inocente derramado, ou melhor, não haverá mais sangue derramado, pois todos viverão como irmãos, como bons irmãos e as armas não mais existirão... o mundo nesse dia será um paraíso... Ah! Talvez o Éden voltará a existir, porque não haverá mais corrupção, todos serão honestos, não terão inveja, não vão roubar, não vão mentir. Nesse dia a morte será só por velhice, pois as doenças não vão mais existir, não haverá no mundo um só corpo doente, não existirão hospitais, nem médicos, nem remédios.

Nesse dia o mundo será um jardim de flores, sem espinhos, pois só haverá felicidade.

Fantasia!? Como? Por quê?

Isso não é ser pessimista, de nenhum modo, pessimismo é muito pior; isso é ser real, é ser empírico, é tirar as conclusões daquilo que se vê, que se vive, se experimenta; pensar assim também não é ser racional, pois a racionalidade se aproxima muito da demagogia, diria que são praticamente irmãs. E não é disso que o mundo precisa, não é disso que a nossa “vida-fantasia” precisa.

Sentimentos... Amor... Amizade... Lealdade.

Encontramos a receita para que a nossa “vida-utopia” se transforme em “vida-fantasia”. Que bom ter os sentimentos, isso é sinal de que temos um coração puro, aberto à ação desses tão nobres amigos. Sentimento = sensibilidade, disposição afetiva!!! Justamente o que precisamos para o novo mundo, para voltar a encarar a vida com fantasia.

Sentimento, sensibilidade... disposição afetiva é o que os homens têm. Os homens do “novo mundo”.

Amor! Quem irá discutir a nobreza desse sentimento? Pena que não tem como encarar a vida com fantasia se o amor tem perdido o seu valor, pois a justiça seja feita: sem amor nada existe, além de um grande vazio.

Amor = Atitude, e é isso que esperamos dos homens, ATITUDE!!! Não podemos mais ficar de braços cruzados deixando que o amor perca o seu valor.

Amizade e Lealdade, duas coisas profundamente ligadas. Hoje, no mundo real, ser amigo é aproveitar do outro, salvo raras exceções. Lealdade! O que quer dizer mesmo Lealdade?

Amor, amizade, lealdade.

Ah! Encarar a vida com fantasia... Seria muito mais fácil se todos amassem, se todos tivessem e fossem amigos, se todos fossem leais. Mas isso é utopia...

Sabe que para mim, encarar a vida com fantasia já se tornou uma utopia! E isso é muito dolorido, pois encarar a realidade é desesperador, com tanta coisa ruim acontecendo... Mas também é bom ser utópico e acreditar que um dia isso vai mudar, pois sem esperança ninguém chega a lugar nenhum.

Afinal, o que importa é que sou brasileiro e desistência não existe no meu vocabulário... Sou brasileiro e faço da utopia meu sonho. Bom é encarar a vida com fantasia... bom é encarar a vida com utopia.

João Fernando Greco.