Febre INDIANA

Alienada talvez seja um dos meus adjetivos.

Enquanto diversas pessoas falavam beijinho doce sorrindo, eu ficava olhando com cara de desespero, pensando que o mundo estava ficando louco e com frases cada vez mais sem sentido. Superei essa fase, ao saber de uma dupla sertaneja na novela cantava isso.

Acabou aquele besteirol e eu me encanto com os elefantes da abertura da nova novela Caminho das Índias.

Assisti ao primeiro capítulo, achei ótimo, ouvi Raul cantando, combinando ou chocando ao encontrar-se com aquelas cores e espiritualidade indiana. Adorei e bastou um dia, não vi mais. Ouço a música da abertura e diversas outras que minha amiga Janaina resolveu baixar.

O país entra no clima indiano.

Em um momento em que o mundo volta os olhos para o BRIC, em especial para o B, que pela primeira faz jus ao seu lugar nessa sigla, nós aqui discorremos sobre nossos profundos conhecimentos culturais da Índia.

Trabalho em uma empresa de semicondutores- se preferir processadores- e vi um dos grandes executivos fazendo piada com o tema Índia, afinal, em breve o Brasil será o terceiro maior mercado de computadores do mundo, ultrapassando a Rússia, a Índia e a China. Ele pode fazer piadinha o quanto quiser sobre os diversos mercados do mundo, pois se aprofundou nos estudos, ainda que as piadas tenham uma motivação novelística, existe ali uma base endossando aquelas palavras.

Me espanta essa febre causada por uma novela e uma febre que pega todo mundo, salvo raras exceções, eu não sou ET, estou na roda contaminada, como quase todos, olha eu escrevendo do tema aqui.

Os livros de contos indianos sempre estiveram nas prateleiras das livrarias, a preços nada espirituais, para os pais escolherem passar esses lindos ensinamentos aos seus filhos. Mas somente agora eles começam a ser realmente procurados em quantidade.

As ditas roupas indianas fazem parte das nossas vidas há muitos anos, mas somente os mais bichos grilos eram os corajosos em usar, agora até madame usa.

Ganesha já era o elefante favorito de uma amiga há quase dois anos, até minha filha já sofre do mesmo mal. Mas agora ele deve ser bordado atém em bule de café, usando uma das mãos ou quem sabe a tromba para estampar o bico. Sem saber a linda história que envolve esse deus.

Em geral, eu não gosto daquilo que todo mundo gosta, se estão falando muito de um filme eu empaco e não assisto, um exemplo é a Lista de Schindler, assistida por mim há apenas uma semana.

Estou procurando evitar essa minha birra em relação à Índia, mas está difícil.

Se as pessoas fossem além do que diz uma novela, eu não me irritaria tanto, mas é complicado ver essa forma de adquirir conhecimento. Tudo chega mastigado, ruminado, sem vitamina e é disso que o povo vive.

O estudo da história não é algo verdadeiramente difundido no Brasil. O estudo, em geral, não é incentivado e vendo tanta gente em frente à TV todos os dias eu só tenho vontade de chorar. Porque se o mesmo tempo fosse investido em leitura, esse país era muito mais do que o B do BRIC, aliás, essa sigla seria RIC, porque estaríamos como uma grande potência há muitos anos.

Tenho vontade de lançar uma campanha: Para cada hora em frente à TV, leia 10 minutos de um livro.

Isso já causaria diferença em números bem mais relevantes do que os pontos do IBOPE para o horário nobre – ou seria pobre? - da TV.

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PS: no meu blog esse texto está com diversos links para favorecer a leitura com um pouco de viagem.