Mais uma vez ruminando com os meus botões
No dia em que percebermos que a estrada percorrida estiver mais longa do que a que está a nossa frente e que o tempo vivido estará mais presente em nossas vidas do que o tempo dos sonhos e que nós nos sentimos mais cansados em fazer coisas que fazíamos até sem notar, esse será o dia em que constataremos que está na hora de pesar o passado e ver as quantas andamos. Quando finalmente conseguirmos avaliar o que fizemos de bom e o que não, o que foi realmente importante para nossas vidas e que possa ter algum significado na vida de alguém além de nós mesmos, essa será à hora em que poderemos retomar o caminho perdido e recomeçar a vida daquele exato ponto em que a deixamos em suspenso abandonando nossos sonhos em nome de verdades que não eram as nossas. Poderemos então, sem nenhum sentimento da culpa que colocamos em nossos ombros em nome das relações familiares, sociais, religiosas e profissionais tentar pelo menos nos lembrarmos das visões de um mundo encantado que tínhamos, um mundo onde tudo poderia vir a ser perfeito. E aí, com a sabedoria trazida pela vida poderemos fazer uma mudança em nosso caminho, agora usando as ferramentas certas e mais precisas para conduzir de maneira bem mais eficiente o resto do tempo que pode ser medido até o encontro com o tempo eterno, sem presente, passado ou futuro. Começaremos de um ponto que poderá parecer muito distante de nós, mas que não é porque todo o dia é dia para recomeçar como se estivéssemos no princípio de tudo. Ora, dirão, sua juventude já vai longe, mais longe ainda a sua infância, como recomeçar se suas pernas estão trôpegas, seus braços não agüentam mais tanto peso, seus cabelos estão entupindo uma rede de esgoto qualquer, seus olhos já não vêem tão longe e muitas vezes se faz necessário colocar as mãos em concha para ouvir melhor? Olhe no espelho, olhe bem, veja as rugas em seu rosto, os lábios afinados, precisando de botox, suba em uma balança para constatar o aumento de todas as circunferências de seu corpo, meça a sua altura para ver o quanto já diminuiu! Como você acha que vai poder fazer a mesma coisa que as pessoas deste tempo do agora podem fazer? Pois é aí que mora o grande engano, o grande erro que todos cometem dando tanto importância aos primeiros tempos, de corpos formados por células sem nenhuma experiência, sem nenhuma visão do que realmente importa e do que pode ser descartado. Pois afinal só podemos descartar aquilo que conhecemos pelo uso e que se mostrou ineficaz. Não podemos jogar fora algo que ainda não sabemos se seu uso nos fará bem ou mal. Mas chega certo tempo, sempre no tempo certo porque é assim a trajetória do homem, só se aprende vivendo e só não tem oportunidade de aprender aquele que cedo vai embora da festa. Mas, como eu ia dizendo, com a ponta de meus dedos e sob o comando de minha mente, no tempo certo poderemos olhar tudo sem mágoas eliminando o supérfluo, as teias de aranha de nossos armários e conservando só aquilo que é importante, essencial.
Quando chegar essa hora, à hora em que vamos decidir realmente o que somos, o mundo vai continuar do mesmo jeito, com gente chegando e gente partindo, com gente achando que sabe tudo e que poderá tudo conseguir mudando o que acha que precisa ser mudado, mas nós estaremos diferentes porque teremos a consciência de que só poderemos mudar a nós mesmos e a mais ninguém e que é mudando a nós mesmos que estaremos mudando o mundo porque estaremos fazendo com que ele seja melhor, mas um mundo melhor para todos e não só para nós mesmos. E se o mundo não se tornar melhor não será culpa nossa, mas apenas de alguns de nós que mesmo compreendendo que a estrada chega ao fim é incapaz de parar e refletir sobre o que é importante ou não. E esta percepção, a percepção da transitoriedade da vida física não é absorvida por eles que continuam a agir como se este período aqui vivido fosse eterno esquecendo-se que a eternidade é um conceito transcendente. Esses são os indivíduos que mantêm tudo o que a juventude tem de supérfluo sem adquirir o que a maturidade tem de essência. Porque a maturidade é uma fase da vida que não dispensa o que a juventude tem de melhor, mas transforma este melhor em um arsenal para conquistar a vida plena.
Mas por que nós fomos os escolhidos para chegar a este ponto da vida, vivos além de todos os prognósticos que cercam a vida dos jovens e do ceifamento precoce? Talvez porque fomos predestinados, talvez porque fomos medrosos o suficiente para não viver uma vida desregrada, onde o álcool, a droga, as asas velozes, nos impeliram para um mundo de risco. Ou ainda talvez não tenhamos sido audazes a ponto de enfrentar a ferro e fogo aquilo que achávamos errado e que precisava ser corrigidos. Ou por que tivemos a graça de não ter fome nem sede e crescermos saudáveis a ponto de atravessar a linha que separa a loucura da razão? Não sei, não sei responder a estas questões, que regem os destinos de todos nós. Não sei se é mérito ou puro acaso, mas seja lá como for, quando a hora chegar é preciso aproveitar para ser feliz, aspiração suprema de cada um de nós. É preciso esquecer que podíamos ter decidido nossas vidas mais cedo se tivéssemos maturidade para tanto, porque a maturidade não é apenas uma questão de anos vividos, mas sim de capacidade de aprendizagem. E tem gente que parece que nasce assim, como se fosse um argumento de que vivemos tantas vidas quantas forem necessárias para amadurecermos e ascendermos até a vida eterna.
No dia em que percebermos que a estrada percorrida estiver mais longa do que a que está a nossa frente e que o tempo vivido estará mais presente em nossas vidas do que o tempo dos sonhos e que nós nos sentimos mais cansados em fazer coisas que fazíamos até sem notar, esse será o dia em que constataremos que está na hora de pesar o passado e ver as quantas andamos. Quando finalmente conseguirmos avaliar o que fizemos de bom e o que não, o que foi realmente importante para nossas vidas e que possa ter algum significado na vida de alguém além de nós mesmos, essa será à hora em que poderemos retomar o caminho perdido e recomeçar a vida daquele exato ponto em que a deixamos em suspenso abandonando nossos sonhos em nome de verdades que não eram as nossas. Poderemos então, sem nenhum sentimento da culpa que colocamos em nossos ombros em nome das relações familiares, sociais, religiosas e profissionais tentar pelo menos nos lembrarmos das visões de um mundo encantado que tínhamos, um mundo onde tudo poderia vir a ser perfeito. E aí, com a sabedoria trazida pela vida poderemos fazer uma mudança em nosso caminho, agora usando as ferramentas certas e mais precisas para conduzir de maneira bem mais eficiente o resto do tempo que pode ser medido até o encontro com o tempo eterno, sem presente, passado ou futuro. Começaremos de um ponto que poderá parecer muito distante de nós, mas que não é porque todo o dia é dia para recomeçar como se estivéssemos no princípio de tudo. Ora, dirão, sua juventude já vai longe, mais longe ainda a sua infância, como recomeçar se suas pernas estão trôpegas, seus braços não agüentam mais tanto peso, seus cabelos estão entupindo uma rede de esgoto qualquer, seus olhos já não vêem tão longe e muitas vezes se faz necessário colocar as mãos em concha para ouvir melhor? Olhe no espelho, olhe bem, veja as rugas em seu rosto, os lábios afinados, precisando de botox, suba em uma balança para constatar o aumento de todas as circunferências de seu corpo, meça a sua altura para ver o quanto já diminuiu! Como você acha que vai poder fazer a mesma coisa que as pessoas deste tempo do agora podem fazer? Pois é aí que mora o grande engano, o grande erro que todos cometem dando tanto importância aos primeiros tempos, de corpos formados por células sem nenhuma experiência, sem nenhuma visão do que realmente importa e do que pode ser descartado. Pois afinal só podemos descartar aquilo que conhecemos pelo uso e que se mostrou ineficaz. Não podemos jogar fora algo que ainda não sabemos se seu uso nos fará bem ou mal. Mas chega certo tempo, sempre no tempo certo porque é assim a trajetória do homem, só se aprende vivendo e só não tem oportunidade de aprender aquele que cedo vai embora da festa. Mas, como eu ia dizendo, com a ponta de meus dedos e sob o comando de minha mente, no tempo certo poderemos olhar tudo sem mágoas eliminando o supérfluo, as teias de aranha de nossos armários e conservando só aquilo que é importante, essencial.
Quando chegar essa hora, à hora em que vamos decidir realmente o que somos, o mundo vai continuar do mesmo jeito, com gente chegando e gente partindo, com gente achando que sabe tudo e que poderá tudo conseguir mudando o que acha que precisa ser mudado, mas nós estaremos diferentes porque teremos a consciência de que só poderemos mudar a nós mesmos e a mais ninguém e que é mudando a nós mesmos que estaremos mudando o mundo porque estaremos fazendo com que ele seja melhor, mas um mundo melhor para todos e não só para nós mesmos. E se o mundo não se tornar melhor não será culpa nossa, mas apenas de alguns de nós que mesmo compreendendo que a estrada chega ao fim é incapaz de parar e refletir sobre o que é importante ou não. E esta percepção, a percepção da transitoriedade da vida física não é absorvida por eles que continuam a agir como se este período aqui vivido fosse eterno esquecendo-se que a eternidade é um conceito transcendente. Esses são os indivíduos que mantêm tudo o que a juventude tem de supérfluo sem adquirir o que a maturidade tem de essência. Porque a maturidade é uma fase da vida que não dispensa o que a juventude tem de melhor, mas transforma este melhor em um arsenal para conquistar a vida plena.
Mas por que nós fomos os escolhidos para chegar a este ponto da vida, vivos além de todos os prognósticos que cercam a vida dos jovens e do ceifamento precoce? Talvez porque fomos predestinados, talvez porque fomos medrosos o suficiente para não viver uma vida desregrada, onde o álcool, a droga, as asas velozes, nos impeliram para um mundo de risco. Ou ainda talvez não tenhamos sido audazes a ponto de enfrentar a ferro e fogo aquilo que achávamos errado e que precisava ser corrigidos. Ou por que tivemos a graça de não ter fome nem sede e crescermos saudáveis a ponto de atravessar a linha que separa a loucura da razão? Não sei, não sei responder a estas questões, que regem os destinos de todos nós. Não sei se é mérito ou puro acaso, mas seja lá como for, quando a hora chegar é preciso aproveitar para ser feliz, aspiração suprema de cada um de nós. É preciso esquecer que podíamos ter decidido nossas vidas mais cedo se tivéssemos maturidade para tanto, porque a maturidade não é apenas uma questão de anos vividos, mas sim de capacidade de aprendizagem. E tem gente que parece que nasce assim, como se fosse um argumento de que vivemos tantas vidas quantas forem necessárias para amadurecermos e ascendermos até a vida eterna.