Os Natais

Um menino morava na roça, em um pequeno município das Terras Brasilis - não era na Terra do Nunca, e sua mãe costumava ler para ele estórias de Peter Pan. Possuía 5 irmãos mais velhos, eles estudavam e/ou trabalhavam em cidades, em Capitais.

Em sua casa não existia ceia de Natal nem troca de presentes. Geralmente, os únicos presentes, eram ele e seus velhos pais. Mais de uma vez, aquele menino e sua mãe, estiveram em ceias de natal, na casa de seus tios, lá na Capital. Existia troca de presentes e o menino não tinha nenhum presente material para oferecer, nem recebia. O pai havia ficado no interior, o menino não sabia o porque, so sabia que lá não existia o que ele via na casa dos tios - sabia apenas que lá ele estava mais feliz. Aqui, as pessoas ficavam ansiosas para comer um pedacinho de peru - lá no sítio de seus pais existiam perus criados livremente e que poderiam ser degustados a qualquer momento, não precisava ser Natal. Aqui existia uma fruteira com frutos tropicais ou não, quase murchas, amêndoas, docinhos - lá as frutas eram colhidas no próprio pé, existiam castanhas de caju e coquinhos ouricuri que ele mesmo podia colher. Aqui existiam lâmpadas pisca-pisca - lá existiam pirilampos e as árvores não eram exóticas. Bem antes do Natal, existiam belíssimos ipês amarelos que eram pura luz.

Hoje, aquele menino é um homem de meia idade e quando está muito triste, recorda sua vida na roça, olha para alguma árvore de flores amarelas - na cidade onde mora existem algumas ácacias pingo de ouro - e procura acalmar o espírito.

As estórias de Peter Pan continuam as mesmas. Para esse menino da roça não existem Natais, só estórias de Peter Pan!

abelha
Enviado por abelha em 03/03/2009
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