Chá das Cinco

Associamos o ato de tomar chá à elegância e refinamento. Talvez porque a maneira de servi-lo em baixelas de prata e xícaras de porcelana, acompanhado de bolos e torradinhas tenha vindo diretamente das cortes europeias. Interessante é que mesmo não o consumindo regularmente, designamos nossas xícaras e certas colheres como “de chá”.

O “chá das cinco” foi hábito de senhoras da sociedade que, trajadas com esmero, se reuniam com as amigas em ambientes elegantes, onde trocavam comentários sobre festas e novidades da última moda. Desaparecido o costume, a expressão permaneceu, cujo significado se estende desde “evento chique” até “reuniões de extrema futilidade”.

Até hoje reuniões estritamente femininas ocorridas à tarde levam o nome de “chá”, embora seus objetivos tenham mudado radicalmente. “Chá em prol das crianças abandonadas”, “chá das senhoras católicas”, “chá beneficente”... Nessas ocasiões, o chá mesmo nem é servido. Bebe-se suco de frutas, guaraná, coca-cola, tudo pago para angariar fundos.

O “chá de cozinha” é organizado por amigas da noiva, para que as convidadas levem presentes de menor importância, porém de grande utilidade para a vida doméstica. O “chá de bebê” também contribui com apetrechos necessários à futura mamãe.

Quando jovens, mulheres da minha idade temiam levar “chá de cadeira” nos salões de baile. Suprema vergonha. Certas pessoas, às vezes, dão um “chá de sumiço”. Ou porque enjoaram-se da nossa companhia ou porque estão deveras ocupadas.Todos nós já levamos um “chá de espera”, principalmente nas repartições públicas.

Gostando ou não de chás, acabamos sempre tomando algum. Se o frio está forte, ele esquenta. Se o cafezinho no trabalho estiver requentado, ele substitui.

Há um, porém, que ninguém em sã consciência deseja experimentar: o tenebroso “chazinho da meia-noite”...