amar até perder a graça (...).

“Por que não falar de amor, repetir as palavras, se no fundo só isso que vale a pena?”. Nada mais certo, nada mais injusto.

Se pudesse, nem amaria, mas posso.

Se pudesse não faria muitas coisas, mas a porcaria é que posso.

Quando se fala de amor, qualquer um vira poeta, qualquer um perde o fôlego, fica flutuando, perde a razão, fica parecendo protagonizar em qualquer historinha infantil, faz dela virar realidade, ou pelo menos acha que faz, fica parecendo idiota.

Antes e depois (...).

São sempre os mesmos sintomas, amor até parece droga.

Devia ser por tempo indeterminado, mas o tempo é que determina.

A gente ama, a gente cospe amor, cospe no amor, odeia amor e muito mais quem amou, a gente cospe em quem amou.

Mas ninguém vive sem.

Todo mundo fala de amor.

Todo mundo ama.

Todo mundo repete as palavras, não sei se por valer a pena, ou se por falta de imaginação.

Mas repete.

Talvez seja culpa do vocabulário ou qualquer outra coisa que o valha.

Uma hora acaba perdendo a graça, fato.

Por falta.

Cada um tem a sua falta, seu desespero, seu ciúme, seu cuspe.

Sempre acaba.

E sempre começa outro.

Uns se matam antes de começar. Cortar os pulsos, se enforcar, se drogar é tudo a mesma bosta.

Cada um tem a sua maneira de odiar e se odiar.

Se bem que também ninguém odeia tanto conforme passa-se os dias, acaba ficando indiferente.

Amor e ódio não são muito diferentes.

Bom é amar até perder a graça (...).

uell
Enviado por uell em 03/03/2009
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