ESPANHA _ 4 _

Domingo, levantamos um pouco mais tarde, Valentina já está brincando na sala. Soledad está preparando o café da manhã, Raul deve estar no quarto. Depois, enquanto comemos, Raul avisa que iria ver o apartamento com Nano.

Dessa vez falo mais com Soledad e Valentina, estou mais calma e meu castellano vai saindo. Valentina pede para que diga algumas palabras em portugués, os nomes das cores também.

_Si, señorita, ahora mismo: AMARELO, AZUL, BRANCO e VERMELHO. Ahhhhh, ahora que pasa? No puede decir VERMELHO?

Ela até tentou várias vezes: BER ME LHO.

_No, no, Valentina, VVVERMELHO. No es BER, es VERRRRR. Não teve jeito, aqui a letra V tem som de B e vice-versa. Que coisa mais estranha, não è? Ai vão alguns exemplos para vocês: BERDE (verde!), Bamos (vamos!), BACA (vaca!). Atenção, todos são escritas com V! Assim como em português! Igualzinho! E Valentina até hoje não conseguia falar VERMELHO!

O tempo passou rapidinho, Nano chega com Raul (o empresário, ex-faraó egípcio; em seguida, mão direita de Perón e atual Rei da España).

_Amor, vamos à imobiliária, você também tem que assinar o contrato, Temos apartamento! Viva, viva, sério amor? E o apartamento? Eu quero ver. E como é? É grande? Pequeno?

_Calma, vamos e agora mesmo você verá.

Eu Nano e Raul, que será o avalista. Nano está com as chaves. Chegando à entrada do apartamento, está nos esperando uma senhora española que a imobiliária designou para tirar todas as nossas dúvidas. É o 5º andar, entramos no elevador, um cheiro de cigarro! Tudo bem! Eu também fumava! Nano abre a porta. Bonita porta, nova e em madeira.

Enormeeee. Tem um corredor longo até a sala, um janelão de vidro que dá para uma varanda, de onde se vê uma pista. Vamos conhecer os quartos, são dois: um de casal e o outro, menorzinho, o banheiro, uma banheira, uma pia, um espelho. Gostei de primeira.

_ E a cozinha, vamos ver?

_Sim, sim, não me interessa muito a cozinha. Mas é lá guardarei um bom vinho!

Linda cozinha, espaçosa e branca. Da janela se vê o centro do prédio, onde é permitido estender as roupas e ninguém vê suas intimidades penduradas.

Na imobiliária um casal jovem. São os donos do apartamento que também devem assinar o contrato. Sentamos todos juntos, José e Pan. O aluguel custa 600 euros. Aqui são adiantados o primeiro mês de aluguel, mais dois meses de garantia e um mês de comissão para a imobiliária. O contrato, de um ano e, se depois não queremos mais continuar vivendo no imóvel, o dono tem que devolver os dois meses que pagamos antecipados de garantia. E foi isso que aconteceu, porque agora vivemos em uma cobertura, com duas varandas enormes, zero km, e pagamos o mesmo valor do anterior.

Tudo assinado, chaves nas mãos, agora vamos para o IKEA, no bairro de Alorcon (loja de móveis, muito conhecida em toda Europa, e onde há de tudo que se precisa para mobiliar uma casa).

Raul nos deixa na porta da estação de trem. Viva, viva, vamos de trem, eu nunca havia entrado em um trem. Numa máquina moderna compra-se o bilhete usando moedas, dinheiro ou cartão. Nano adora máquinas de todos os tipos, modernas, com muitos botões e instruções. Eu gosto do contato, do cara a cara, de gente, de olhar, de tato. Voltamos para a bendita máquina.

Sentamos para esperar o trem em um banquinho desses de praça. São duas as vias de trem, uma para o sul e a outra para o centro e o norte de Madrid. Nesse que viaja para o lado do centro de Madrid é o que vamos. São várias paradas, em outros bairros. Em algumas estações desses bairros existe uma estação de metrô e nele ingressamos para ir ao Alarcon.

Uma voz de mulher saindo por umas caixinhas de som, diz: “Trem com destino a Atocha”. É a estação de trem mais conhecida de Madrid, a principal, de onde você poderá viajar para todas as partes do país e também a estação onde muitas pessoas faleceram com a explosão de bombas no atentado terrorista mais triste da España.

As explosões ocorreram em 11 de março de 2004, organizadas por terroristas do País Vasco, ETA, (Euskadi Ta Askatasuna. Em espanhol significa Patria Vasca y Libertad. Esse grupo terrorista quer obter por meio da força armada e violenta, a liberdade do País Vasco do resto de toda España. Em Atocha também se encontra uma homenagem aos mortos, em uma espécie de gruta metálica, onde estão inscritos os nomes das vítimas.

O trem desenvolve cerca de 120 km por hora A sensação que você tem é a de estar em um avião. Não se mexe muito, corre suave. Os trens que vão a 300 km por hora, os mais conhecidos, trens-bala, vão para fora de Madrid, para os estados espanhóis. A vista não é nada de tão espetacular, seria uma vista de terra seca, no verão e também acontece quase a mesma cena no inverno. Um monitor no interior do trem passa uma publicidade da RENFE (nome da empresa ferroviária). Em cada parada um aviso: PROXIMA PARADA; PINTO: PROXIMA PARADA,GETAFE INDUSTRIAL ...

Beijos para todos.

Geo M
Enviado por Geo M em 03/03/2009
Código do texto: T1467019
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.