Uma neurose chamada TPM
Uma neurose chamada TPM
por Gabriella Corrêa Lima
É segunda-feira, inicio de mês, dia de ir ao banco para enfrentar aqueles metros de fila, ouvindo fofocas por todos os lados daquelas pessoas que também esperavam a sua vez.
Marta P. saiu desanimada e lenta de casa, já prevendo a longa espera no banco.
Pegou o livro "A cabana" e foi encarar aquele sol de quase 40º que ardia lá fora.
Comprou um trident (ela costumava mascar gomas quando sabia que ia ter um ataque de ansiedade) e entrou no refrescante banco. Pelo menos algo para animar em ficar horas na fila.
Murmurou um "Oh clima abençoado!" e foi para o segundo piso, onde ficava os caixas.
Chegando lá, sorriu abertamente para o segurança e se alegrou em ver apenas sete pessoas a sua frente.
Pegou mais outra goma de chiclete para comemorar.
Como a fila andou rápido, saiu contente e saltitante pela rua a fora e decidiu parar numa loja onde viu umas roupas atrativas.
"Estou precisando mesmo de peças novas".
Olhou umas blusas, viu um vestido lindo na manequim e pediu a vendedora para trazer um para ela.
- Qual tamanho senhora?
Ela engoliu seco o "senhora", pois ela tinha apenas 22 anos e respondeu baixinho:
- O maiorzinho que tiver.
Ela odiava pronunciar o tamanho G, mesmo sabendo que estava fora de forma.
Viu mais outras blusas, uma saia preta de bolinhas e quando a moça veio com o vestido, foi ao vestiário experimenta-lo.
A saia com a blusa tinham ficado jóia, mas o vestido?! Que horror!
Ela era super autocrítica, pena que não usava aquilo para fazer uma bela dieta, mas nossa amiga parecia feliz podendo comer sem restrições.
Ela olhava para o espelho, virava de lado, "quanto culote! Aff. Olha as celulites? Estão tão berrantes que se vê por entre o vestido". Sussurrava.
Tirou a roupa correndo e se encarou mais uma vez ao espelho.
"MELL DÉLLLS! Estou inchando. Santo do acarajé frio me ajuda!!!"
Trocou-se às pressas, jogou o vestido longe e foi pagar pelo conjuntinho de saia e blusa.
No caminho para casa, encontrou uma amiga e aproveitaram para conversar numa lanchonete próxima. Pediu apenas um suco gelado de limão com laranja e foi comentar do episódio da loja.
- Mas Kátia! Estou me sentindo pesada amiga. Inchada sabe?
- Olha Marta, às vezes temos mania de exagerar nos comentários para nos sentirmos melhores. Também sou assim. Mas não vejo essa mobby dick que você tanto fala não.
Se a amiga estava falando aquilo só para acalmar o animo de Marta, não se sabe, mas aquilo funcionou.
Pagou pelo suco e foi para casa.
Chegando lá, foi tomar uma ducha para se refrescar daquele calorão e viu que sua regra tinha chegado.
Olhou novamente para o espelho e viu aquelas espinhas que tinha espremido no dia anterior e falou consigo.
- Mulher quando está naqueles dias fica um horror e para piorar, neurótica.