Pedindo desculpas
O futebol é alguma coisa de lindo, no bailado dos atletas pelos gramados, dos coros das torcidas numa dança de mãos, braços, bandeiras e camisas, no colorido dos uniformes. É o goleiro fazendo defesas consideradas milagrosas ou o artilheiro deixando no ar o soco da raça, da alegria. Tudo lindo, tudo emocionante. O futebol derrama lágrimas de alegrias e de tristezas. Mas há também o lado triste, feio, patético e ridículo. Duas das facetas desse lado triste são a ingratidão e a memória curta, curtíssima. Aconteceu ontem no Maracanã com a beleza da vitória e conquista da Taça Guanabara sendo manchada na ironia feita ao técnico Cuca. Sou botafoguense, torci muito ontem, mas discordo dos gritos de “vice é o Cuca”. Cuca levou o Botafogo a disputar o título por três anos consecutivos, recolocou o Botafogo em lugar de destaque no cenário do Futebol do Rio de Janeiro e do Brasil, tirou o clube da segunda divisão do campeonato brasileiro. Enfim, Cuca reacendeu e reascendeu a Estrela solitária. Quando deixou o clube e retornou semanas depois, deixou claro o tamanho do carinho que aprendeu a ter pelo Botafogo. Cuca não merecia, não mereceu e não merece o escárnio da torcida botafoguense. E é bom ter em mente que Taça Guanabara não é o campeonato Carioca. Ainda falta muito para sermos campeões de fato. Essa torcida deveria pedir autorização à Suderj para reocupar o Maracanã, convocar imprensa escrita, falada e televisada e, em uníssono -como na ironia- pedir desculpas ao técnico e ao ser humano Cuca. O amor a um clube não justifica nem desculpa a burrice, a falta de educação e a ingratidão.