Azarada (humor - causo)
Alessandra ficou feliz com o convite das amigas para sair. Sozinha, depois de um longo relacionamento, ainda estava naquela fase introspectiva e triste, seria bom variar.
Foram a um barzinho da moda, com música ao vivo e muita gente bonita. Naquela época, uma mesa com quatro moças tagarelas não passaria despercebida e logo os caçadores começaram a se acercar. Paquera daqui, paquera dali, Alessandra, que estava mais interessada em dar uma folga ao coração, quis ir embora. Os rapazes lastimaram, insistiram, tentaram convencê-la a ficar. Não houve jeito e elas saíram. No carro, Fernanda ria com Lidiane, no banco de trás. Alessandra, vendo a farra pelo retrovisor, quis saber o que era.
- Dei seu telefone para o Artur. - disse a amiga, às gargalhadas.
- Hein?!
- Pedro! O moreninho que estava me paquerando. Queria porque queria meu telefone. Dei o seu.
- Mas, disse que era o meu?
- Não. Dei como se fosse meu.
- Posso saber por quê?
- Não queria dar o meu.
- E deu o meu!? E o que é que eu faço agora, se ele ligar?
- Diz que é engano, ué!
- E por que deu o MEU número, ao invés de um número qualquer?
- Ah! Você quis ir embora... Vingancinha.
- Vê se eu agüento! Eu vou dar é o seu número, você vai ver.
- Não! Dá, não: o cara é um chato! Vai ficar no meu pé.
Dias depois, as duas estão na fila do cinema quando o celular de Alessandra toca.
- Alô?
- Fernanda?
- Não. Alessandra. Quem é?
- Oi. Não sei se você vai lembrar de mim... conheci vocês no sábado passado. Pedro. Lembra?
Ela olhou para a amiga, segurando-se para não rir.
- Lembro, sim, Pedro. Ela está aqui do lado.
E foi saboreando o doce da vingança que ela passou o telefone à amiga.