DE HOMENS E DE DÚVIDAS
Motivos existem e muitos garanto. Na verdade muita gente insiste dizer:
Poeta-pateta- não acredite no homem, esse bicho não presta...
Fico balançado entre a certeza e a dúvida, às vezes esta última
prevalece, devo confessar, afinal, sou homem, completamente indeciso, perdido, por isso mesmo falho...
Aí, a razão me chama à realidade então penso: pateta-poeta- você não pode generalizar.
Hoje ouvi a história duma mãe que jogou seu bebê recém nascido no rio.
Pescadores que por ali estavam, o acharam, recolheram e o entregaram para sua tia criá-lo. É revoltante? Claro que é, foi um crime absurdo? Evidente que foi, dá vontade de esganar essa mãe Não Mãe? Sem dúvida nenhuma, que dá.
Ouço novamente a vozinha: -poeta-pateta- o homem é ruim, é o ser mais desprezível da terra, este bicho não vale nada,
não seja besta, não seja estúpido, não dê confiança, fuja deste animal.
Novamente outra vozinha escuto: -pateta-poeta- você não pode generalizar, não seja burro, nem todos são iguais, preste atenção a isso...
Voltemos à história, a tia pegou o bebê, o adotou, cuidou dele, dando amor, proteção, educação, tudo isso dentro da maior limitação financeira possível, porque é extremamente pobre, mas fez daquele bebê rejeitado, um ser humano digno, honesto, trabalhador, respeitador das pessoas que o cercam, amigo, camarada, companheiro.
Hoje aos quinze anos de idade sabe o que ele faz todo ano no Dia das Mães?
Apanha os trocadinhos que junta durante todo ano, compra dois presentinhos ou dois raminhos de flores e feliz da vida, dá um grande beijo na tia que o criou, entrega para ela uma das lembrancinhas, dizendo:
—Pois é mamãe, agora a senhora fica aqui porque vou lá entregar o outro presentinho para minha outra mamãe que infelizmente não me quis, tadinha, deve ter tido suas razões!
Agora eu pergunto:
—Podemos generalizar?