NOSSA RAÇA BRASILEIRA
"E entre gente remota edificaram,
Novo Reino, que tanto sublimaram”.
Camões, Os Lusíadas, Canto I
Estão o Governo e o Parlamento brasileiro, nestes conturbados tempos, a braços com a discussão de um polêmico projeto que visa ao estabelecimento de quotas para negros nas universidades e reserva de cargos para eles na administração pública, projeto que leva o já por si questionado rótulo de Estatuto da Igualdade Racial. Espera-se que esse debate se processe sob o manto da moderação e da discussão desapaixonada, a fim de que medidas racistas e discriminatórias não venham a ser adotadas.
Como tão bem cantou Wilson Simonal, somos “um país tropical/abençoado por Deus/e bonito por natureza”. E todo este imenso território, com nada menos que 8.547.403 km², que recebe insolação intensa e ininterrupta o ano inteiro conta, por isso, com um potencial agricultável e de energia solar, imponderável. Riquezas minerais são fartas e multiformes e nosso manancial hídrico, coisa preciosa hoje, é o mais avolumado do mundo. Temos o maior e mais caudaloso rio – água doce, bebível! – do planeta, com reserva piscosa insuperável. Mas o que temos de melhor, de mais precioso, o acervo mais valioso deste prodigioso País, é o nosso povo.
Os médicos sabemos bem, das leis da genética, que quando se deseja melhorar as qualidades de uma determinada espécie (animal ou vegetal) há mister introduzir um ou mais elementos rácicos compatíveis, a fim de vigorizar aquela que, restrita a cruzamentos subsecutivos homorraciais por longo tempo, se vai gradativamente enfraquecendo, degradando, estiolando.
Tais conhecimentos científicos têm sido utilizados, por exemplo, na melhoria ou aprimoramento de rebanhos bovinos, plantel cavalar, produtos agrícolas (frutíferas, leguminosas, gramíneas) e até na obtenção de raças animais planejadas para este ou aquele fim, como é exemplar a canina Dobermann.
Nosso povo já foi original e naturalmente privilegiado e vem sendo progressivamente aprimorado há, ao menos, 500 anos, pelo caldeamento de três raças excepcionalmente bem dotadas, com características próprias salientes, que se aglutinaram e consolidaram. A raça branca, representada pelos europeus – portugueses, mormente, que para cá vieram à época do descobrimento e da colonização, mas também franceses, holandeses, ingleses, italianos, alemães -, e que era, na oportunidade, o que havia de mais avançado em termos de civilização. A negra que, bem o sabemos, apresenta nítida superioridade na estruturação físico-corpórea e energética, com maior resistência às inclemências naturais e a muitas enfermidades, sendo mesmo imune a alguma delas. Superior resistência física e aptidão para tarefas mais árduas que nos têm garantido sucesso e até mesmo hegemonia em várias modalidades desportivas. Demais disso, a dor do negro desterrado, a gerar o banzo e a espicaçar a “malemolência” – de que nos fala o grande Ari Barroso, em sua “Aquarela do Brasil” -, explica a musicalidade que impregna nossas canções e o decantado “jogo de cintura” do povo brasileiro. Muitos dos negros escravos que para cá vieram já constituíam, é bom de ver, produto de miscigenação com os árabes do norte da África, como os Fulas e os Hauçás.
A amarela, ou mongólica, representada pelos aborígines ameríndios que habitavam todas as latitudes das Américas, sendo, assim, da mesma origem dos japoneses, chineses e outros povos asiáticos, por isso que intelectualmente a eles equiparáveis, constituída pelas diversas tribos indígenas que aqui existiam. Bravura, altivez e resolutividade, rusticidade e destemor, mesclados, paradoxalmente, à acessibilidade natural e grande habilidade manual, são características reconhecidas em nossos ancestrais silvícolas. O caldeamento com o branco processou-se farto e consentido, diria melhor, amparado, incentivado, induzido, fazendo-a integrar a raça nacional. Mais proximamente nova onda amarela inundou nossas propícias e receptivas terras, representada, notadamente, pelos japoneses, mas também por chineses, coreanos e outros em menor proporção.
Estudos levados a efeito nas regiões brasileiras por pesquisadores da UFMG e da UFRS, usando técnicas de genética molecular e genética populacional, trouxeram à evidência do rigor científico que é muito pequena a parcela de população isenta da contribuição negra. Aqui no Pará, geneticistas da UFPA, usando técnicas semelhantes de identificação genética, constataram ser maior que 75% a participação indígena (amarela) no contingente regional; se levarmos em conta o sabidamente expressivo elemento japonês que para cá se deslocou, há quase um século, fartamente miscigenado aos locais, fica fácil aquilatar o contributo fornecido pela raça amarela. Por isso que costumamos dizer, sem temer impropriedades, serem os brasileiros, mercê dessa profícua miscigenação rácica, um povo multiétnico, mas unirracial.
Do entrecruzamento intenso e continuado resultou esta que é uma gente excepcionalmente bem conformada, privilegiadamente dotada em todos os aspectos: intelectual, físico-corpóreo e psicológico, potencialidades que deram por resultado um povo trabalhador, criativo, pacifista, conquanto altaneiro, amistoso, solidário, produtivo, ufano de seus valores e de seu porvir, sobremaneira irmanado, sem os laivos de preconceitos e racismos polimorfos, como observável na maioria dos países em que as etnias que lá convivem quando muito se aturam - mas não se misturam –, às vezes trituram-se.
Provavelmente somos o único país do mundo em que o cruzamento do branco com o negro e o índio foi intenso, consentido e permanente, resultando na formação de uma verdadeira raça, que dia a dia evolui, aprimora-se, consolida-se. Daí porque já se disse – e é de fato incontestável: “O mestiço brasileiro é o puro-sangue nacional”.
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*Médico e Escritor–SOBRAMES/ABRAMES
serpan@amazon.com.br - sergio.serpan@gmail.com www.sergiopandolfo.com
Nota: “O derrubador brasileiro”, de José Ferraz de Almeida Jr, (1875, Museu Nacional de Belas Artes), primeira tentativa pictórica de representação da “Raça Brasileira”. O melhor do Brasil é o brasileiro lema atual e fato reconhecido agora.
"E entre gente remota edificaram,
Novo Reino, que tanto sublimaram”.
Camões, Os Lusíadas, Canto I
Estão o Governo e o Parlamento brasileiro, nestes conturbados tempos, a braços com a discussão de um polêmico projeto que visa ao estabelecimento de quotas para negros nas universidades e reserva de cargos para eles na administração pública, projeto que leva o já por si questionado rótulo de Estatuto da Igualdade Racial. Espera-se que esse debate se processe sob o manto da moderação e da discussão desapaixonada, a fim de que medidas racistas e discriminatórias não venham a ser adotadas.
Como tão bem cantou Wilson Simonal, somos “um país tropical/abençoado por Deus/e bonito por natureza”. E todo este imenso território, com nada menos que 8.547.403 km², que recebe insolação intensa e ininterrupta o ano inteiro conta, por isso, com um potencial agricultável e de energia solar, imponderável. Riquezas minerais são fartas e multiformes e nosso manancial hídrico, coisa preciosa hoje, é o mais avolumado do mundo. Temos o maior e mais caudaloso rio – água doce, bebível! – do planeta, com reserva piscosa insuperável. Mas o que temos de melhor, de mais precioso, o acervo mais valioso deste prodigioso País, é o nosso povo.
Os médicos sabemos bem, das leis da genética, que quando se deseja melhorar as qualidades de uma determinada espécie (animal ou vegetal) há mister introduzir um ou mais elementos rácicos compatíveis, a fim de vigorizar aquela que, restrita a cruzamentos subsecutivos homorraciais por longo tempo, se vai gradativamente enfraquecendo, degradando, estiolando.
Tais conhecimentos científicos têm sido utilizados, por exemplo, na melhoria ou aprimoramento de rebanhos bovinos, plantel cavalar, produtos agrícolas (frutíferas, leguminosas, gramíneas) e até na obtenção de raças animais planejadas para este ou aquele fim, como é exemplar a canina Dobermann.
Nosso povo já foi original e naturalmente privilegiado e vem sendo progressivamente aprimorado há, ao menos, 500 anos, pelo caldeamento de três raças excepcionalmente bem dotadas, com características próprias salientes, que se aglutinaram e consolidaram. A raça branca, representada pelos europeus – portugueses, mormente, que para cá vieram à época do descobrimento e da colonização, mas também franceses, holandeses, ingleses, italianos, alemães -, e que era, na oportunidade, o que havia de mais avançado em termos de civilização. A negra que, bem o sabemos, apresenta nítida superioridade na estruturação físico-corpórea e energética, com maior resistência às inclemências naturais e a muitas enfermidades, sendo mesmo imune a alguma delas. Superior resistência física e aptidão para tarefas mais árduas que nos têm garantido sucesso e até mesmo hegemonia em várias modalidades desportivas. Demais disso, a dor do negro desterrado, a gerar o banzo e a espicaçar a “malemolência” – de que nos fala o grande Ari Barroso, em sua “Aquarela do Brasil” -, explica a musicalidade que impregna nossas canções e o decantado “jogo de cintura” do povo brasileiro. Muitos dos negros escravos que para cá vieram já constituíam, é bom de ver, produto de miscigenação com os árabes do norte da África, como os Fulas e os Hauçás.
A amarela, ou mongólica, representada pelos aborígines ameríndios que habitavam todas as latitudes das Américas, sendo, assim, da mesma origem dos japoneses, chineses e outros povos asiáticos, por isso que intelectualmente a eles equiparáveis, constituída pelas diversas tribos indígenas que aqui existiam. Bravura, altivez e resolutividade, rusticidade e destemor, mesclados, paradoxalmente, à acessibilidade natural e grande habilidade manual, são características reconhecidas em nossos ancestrais silvícolas. O caldeamento com o branco processou-se farto e consentido, diria melhor, amparado, incentivado, induzido, fazendo-a integrar a raça nacional. Mais proximamente nova onda amarela inundou nossas propícias e receptivas terras, representada, notadamente, pelos japoneses, mas também por chineses, coreanos e outros em menor proporção.
Estudos levados a efeito nas regiões brasileiras por pesquisadores da UFMG e da UFRS, usando técnicas de genética molecular e genética populacional, trouxeram à evidência do rigor científico que é muito pequena a parcela de população isenta da contribuição negra. Aqui no Pará, geneticistas da UFPA, usando técnicas semelhantes de identificação genética, constataram ser maior que 75% a participação indígena (amarela) no contingente regional; se levarmos em conta o sabidamente expressivo elemento japonês que para cá se deslocou, há quase um século, fartamente miscigenado aos locais, fica fácil aquilatar o contributo fornecido pela raça amarela. Por isso que costumamos dizer, sem temer impropriedades, serem os brasileiros, mercê dessa profícua miscigenação rácica, um povo multiétnico, mas unirracial.
Do entrecruzamento intenso e continuado resultou esta que é uma gente excepcionalmente bem conformada, privilegiadamente dotada em todos os aspectos: intelectual, físico-corpóreo e psicológico, potencialidades que deram por resultado um povo trabalhador, criativo, pacifista, conquanto altaneiro, amistoso, solidário, produtivo, ufano de seus valores e de seu porvir, sobremaneira irmanado, sem os laivos de preconceitos e racismos polimorfos, como observável na maioria dos países em que as etnias que lá convivem quando muito se aturam - mas não se misturam –, às vezes trituram-se.
Provavelmente somos o único país do mundo em que o cruzamento do branco com o negro e o índio foi intenso, consentido e permanente, resultando na formação de uma verdadeira raça, que dia a dia evolui, aprimora-se, consolida-se. Daí porque já se disse – e é de fato incontestável: “O mestiço brasileiro é o puro-sangue nacional”.
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*Médico e Escritor–SOBRAMES/ABRAMES
serpan@amazon.com.br - sergio.serpan@gmail.com www.sergiopandolfo.com
Nota: “O derrubador brasileiro”, de José Ferraz de Almeida Jr, (1875, Museu Nacional de Belas Artes), primeira tentativa pictórica de representação da “Raça Brasileira”. O melhor do Brasil é o brasileiro lema atual e fato reconhecido agora.