O SAXOFONE...

 

   O saxofone é um instrumento de sopro e foi inventado em 1846 pelo belga Adolphe Sax. É indispensável nas orquestras e é peça importantíssima nos concertos de jazz, que aliás eu aprecio muito.

   O saxofone, também popularmente conhecido como sax, tem na sua família por exemplo, o saxofone soprano, o mezzo soprano, o soprano em dó, o barítono, o contrabaixo e o sub-contrabaixo, entre outros.

  Os maestros, os músicos, os apreciadores e conhecedores da boa musica sabem disso. Só que, maestros, músicos e apreciadores da boa música se esqueceram de comentar estes fatos, passar estas informações para um dos meus vizinhos que escolheu justamente um saxofone para ingressar no maravilhoso mundo da música.

  Tenho uma enorme dose de compreensão, paciência e tolerância com pessoas esforçadas que querem aprender a tocar um instrumento. Mas francamente ! O que meu vizinho estava fazendo era estragar seu saxofone .

   E tem mais, castiga a todos que moram nas redondezas com desafinados e esdrúxulos concertos em que são cometidos verdadeiros assassinatos contra a boa música , além de castigar nossos sofredores ouvidos com ruídos semelhantes aos dos guinchos dos dinossauros.

    Não estou sendo preconceituoso mas coitado, ele pensa que está fazendo sucesso. Tudo bem que devemos ser compreensivos com os iniciantes, com os que estão aprendendo mas francamente, tem seis meses que ele ganhara o sax e a esta altura já deveria saber tocar alguma coisa.

     Num dos últimos domingos, único dia da semana que posso acordar mais tarde, o concerto começou por volta de nove horas da manhã. Não aguentei, decidi que naquele dia faria alguma coisa, tomaria alguma providencia. E se assim pensei melhor eu fiz.

   Meia hora depois estava na casa do meu vizinho e comecei a conversa pedindo desculpas por interromper o ensaio . Aproveitei também para elogiar o instrumento que sem dúvida, era belíssimo.

   Gosto do meu vizinho. Já nos conhecemos há muitos anos e isso nos permite usar de absoluta franqueza um com o outro. Tentando não magoá-lo, já que ele é uma pessoa muito sensível, comecei a discorrer sobre as dificuldades para se chegar a um nível considerado ideal para fazer shows, participar de uma orquestra.

   Disse-lhe também que os maiorais do jazz, e nisso nós dois gostamos muito, não perdoariam quem não soubesse tocar aquele instrumento como um grande artista.

   Meu vizinho me olhou de forma estranha, como se não estivesse entendendo o que eu realmente queria dizer. Continuei meu discurso, citando inclusive alguns mágicos do instrumento que aliás, ambos conhecíamos bem. Neste ponto da conversa, pedi para mostrar-lhe como era o som que estava sendo recebido pela platéia que estava a sua volta e nas vizinhanças.

   Tudo bem que eu era o único da platéia, mas ainda assim, mesmo com uma só pessoa, poderia sim ser considerada uma platéia. Peguei o instrumento completamente sem jeito. Só sabia que ele, o instrumento tinha que ser soprado.

   O sax tem algumas teclas que temos que apertar quando sopramos. O segredo é combinar o aperto com o sopro. Minha performance foi um completo desastre. Nem sei se estava tocando alguma coisa parecida com música ou se era apenas um ruído. Chegamos a conclusão que era um ruído, um terrível e escandaloso ruído , tanto é que um gato que estava preguiçosamente deitado num sofá próximo resolveu sair da sala e ir dar umas voltinhas bem longe.

    Para encerrar a história, acabei confessando que meu vizinho tocava muito mal, aquele ruído que ele produzia não só me incomodava como também aos demais vizinhos e que ele deveria reconhecer que pelo menos eu tivera a coragem de ser sincero, confessando uma realidade que ele não estava percebendo.

    Meu vizinho ficou magoado. Não foi difícil perceber pelo olhar de tristeza que ele me lançou. A verdade é que aquele saxofone tinha sido um presente de aniversário que ele ganhara da sua mulher e na verdade ele só ensaiava, quer dizer, produzia ruídos nele para não ficar mal com ela .

   Ele prometeu que daria um jeito na situação. Nos despedimos meio sem graça e fui pra casa. Naquele dia e na semana seguinte não ouvi mais os ruídos produzidos pelo saxofone. Até que num belo domingo, por volta de nove horas da manhã fui despertado por ruídos estranhos e desencontrados e vindos da casa do meu vizinho.

   Pareciam os mesmos barulhos produzidos por uma trovoada em sequencia. Apurei mais os ouvidos e procurei identificar que barulho era aquele.

    Simples. Não foi difícil descobrir. Meu vizinho simplesmente aposentara o saxofone, e estava praticando as primeiras aulas de …..bateria. Tem gente que merece.....

 

 

 

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(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 01/03/2009
Reeditado em 07/02/2013
Código do texto: T1463581
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