FILOSOFIA NO RECREIO
Entre o café e os biscoitos ele olhou para mim e perguntou: "Tu és feliz?". "Sou muito feliz" foi a resposta que lhe dei, sem nem sequer ter parado para refletir. Horas depois em que aqui me encontro, verifico que a gente só é ou está feliz de verdade se a resposta sai assim de supetão, escancarando a porta do coração e saltando da boca para aterrissar no meio da conversa.
Da mesma forma, quando ao se ouvir : "Está tudo bem contigo?" A resposta sair arrastada, emoldurada por olhos caídos: " É a gente vai levando..." É porque não está tudo bem coisa nenhuma. Mais do que um sintoma é um atestado assinado de que algo está errado. E, atenção! Ir levando ou deixar-se levar; pode significar cair em "slow motion" no precipício. Demora, mas a gente acaba chegando lá embaixo.
Poxa! Se vai levando, então porque não levar pelo caminho mais feliz? "Ah! Mas não é assim!Tem a falta de dinheiro, tem o desemprego, tem a doença, tem a solidão, tem a traição, tem isto e tem aquilo"...E tem mesmo! Quem disse que descer até este plano era o mesmo que viver na Disney? Pelo contrário, vou repetir: "Descemos" a este plano, ou seja, não estamos no paraíso não. Temos que ralar sim, das mais diversas formas. Agora, se os reveses nos impedirem de sorrir e ser feliz, então o que estamos fazendo aqui?
Quando respondi ao meu amigo na noite passada que era muito feliz , completei dizendo: "Agora, se a felicidade é ter muito dinheiro, ter muitos imóveis, ter contas gordas em muitos bancos... Então, para os outros eu deveria ser extremamente infeliz. Mas, como sou teimosa afirmo que a felicidade tem a minha cara, porque a minha riqueza tem outros valores."