CRÔNICA PROSÉLICA
Vivemos num país pródigo de prodigiosos Acadêmicos e Políticos. Todavia, neste oásis disentérico, creio que ninguém, em são juízo, tenha proferido o tratamento de gênero: “BRASILEIROS, BRASILEIRAS, GAYS, LÉSBICAS e TRANSGÊNEROS” para referencia-se à totalidade do povo desta multicolorida terra Brasilíaca.
No desassombro do tormento lírico, por lapso de tempo e espaço, o Poeta Gilio de Hollanda com soberba propriedade enaltece:
- “Deus não terá compaixão desses vis pecadores. Posto que, se a revelia do Criador o primeiro se outorga à imortalidade; o segundo veste o manto da impunidade”-
A queixa é oportuna e trago explicação:
Somos filhos do degredo. Uma nação de deserdados que almeja conquistar o primeiro mundo à custa da nossa tão decantada cor marrom-bobom. Se o Progenitor não nos concedeu a nobreza, a ilusão nos impõe o desejo de erguer com a nossa antropofágica etnia racial, um totem à soberania cultural.
Em tempo:
1. Consta dos anais do Congresso que o Presidente José Saney – herdeiro mor da Capitania Hereditária do Maranhão, foi o primeiro mandatário da nova república a cunhar o tratamento ambíguo de gênero para referenciar-se à totalidade de indivíduos da nossa amada e idolatratada, salve salve terra Tupiniquim. Num repente camoniano, o Marimbondo de Fogo imortalizou sua retórica provinciana com tal de: “BRASILEIROS E BRASILEIRAS”.
E a partir de então, o gênero generalizou-se.
2. Com a democracia rejuvenescida, o garboso e colorido Presidente Fernando Collor de Mello, também conhecido pela alcunha de Caçador de Marajás, acariciou nossos tímpanos com único e certeiro tiro: “MINHA GENTE”.
De certo que, no seu tapete voador, também conhecido como Morcego Negro, o príncipe da República das Alagoas em melodramáticas e redeglobianas aparições balançou a roseira de muitos corações. Contudo, a razão só se sobrepôs ao encanto do coração, quando as noivas, amantes e concubinas despertaram com o príncipe metendo a mão nas suas POUPANÇAS.
Traição se paga com traição. E como é de conhecimento histórico, para infelicidade da nossa íris, a cor da moda foi banida pela borracha do impitimam.
Ora, veja só: ele não contava com nossa astúcia, diria Chaves, em sua retórica lírica.
3. Superada a intersafra Itamardiana, padecemos do culto ao esquecimento e elegemos um outro Fernando para concluir a missão redentora do FMI: elevar o Brasil a categoria de nação do primeiro mundo para que pudéssemos ocupar uma cadeira ao lado das principais potências belicistas. O tal Grupo G-7. E foi assim, que acadêmico FHC, negando a ferve mandraquiana de sua própria obra literária, cunhou o singelo: “SENHORA E SENHORES”.
4. Mas esse é um Brasil de muitos Brazis. O proletariado não poderia ficar eternamente a mercê das baboseiras da burguesia. Oito anos depois, o não menos etílico, Lula da Silva, douto pela circense SOBORNE francesa (qualquer semelhança com SUBORNO é mera conjectura) brindou os companheiros com o prosélico: “COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS”.
5. Depois de tanto proselismo cultural, não resta dúvidas que a diplomacia do bom senso exija que qualquer orador, quando queira referenciar a um segmento representativo ou grupo social, faça-o de modo a ressaltar a adversidade sexual dos seus membros: (médicos e médicas; alunos e alunas; excluídos e excluídas; sem chão e sem terra, etc)
Nada poderia mais poderia ser dito ou escrito, se, a fórmulas proselistas até então adotadas, não representassem a mais bisonha e inquestionável discriminação sexual do gênero humano. Pois, se de um lado corrigiu o lapso de gênero por não destacar o representativo coeficiente eleitoral feminino (eleitoras); de outro, desmereceu ou desconheceu a cor do voto GAY.
Assim, em defesa da sexualidade do voto, sugiro que a fórmula prosélica de tratamento enalteça todas as variantes do gênero humano em respeite ao coeficiente eleitoral da nação brasileira. De hoje em diante, a oratória não terá crédito se não agasalhar o vibrante e varonil grito de: “ BRASILEIROS, BRASILEIRAS, GAYS, LÉSBICAS e TRANSGÊNEROS”