Conversa Fiada
"Nós viemos aquí pra beber ou prá conversar?" Era a pergunta com que interrompia o palavrório dos amigos no bar o João Rubinato, o "Charutinho" , poeta popular do Bexiga, da Bela Vista, de São Paulo, do Brasil.
Era um comercial de cerveja que se tornou clássico, em que conversa fiada não era admitida, só a circunspecção e o respeito a um copo suado que ele entornava sob o olhar submisso de um grupo de sedentos discípulos.
Fora da tela, sua voz rouca poucas palavras articulava, escassos sorrisos compartia, mas quando escrevia suas músicas dava prá entender porque ele não gostava de conversa fiada.
Ele repreendeu com "reiva" o "Arnesto" que, morando no então distante Brás, convidou para uma roda de samba e simplesmente esqueceu... " Da outra vez, noís num vai mais, nóis num semo tatú".
Amou demais a Iracema até que ela " travessou contra-mão" , recebeu tantas " frechadas" do seu olhar que o seu peito virou uma " táuba de tiro ao álvaro". Viveu a frustração de ver derrubada a " maloca querida, dindindonde nóis passemo dias feliz de nossa vida". E, ingênuo que era, perpetuou: " Deus dá o frio conforme o cobertor"
Ele definitivamente não jogava conversa fora. Era o gênio da objetividade, quando dizia : "Eu sou a lâmpida e as muié é as mariposa, que fica dando vórta em vórta de mim, só prá me beijá" .
Uma que outra vez, fazia poemas inigualáveis na sua simplicidade e emoção e não recorria ao Ítalo-Bexiguês, só prá contrariar:
" Vila Esperança, foi lá que eu conhecí Maria Rosa meu primeiro amor. Vila Esperança, onde tudo para mim era primeiro: primeira Rosa, primeira esperança, primeiro carnaval, primeiro amor, criança".
Mudou-se depois para outro bairro e explicou para sua namorada: " não posso ficar nem mais um minuto com Você. Sinto muito amor, mas não pode ser. Moro em Jaçanã e se eu perder esse trem que sai agora as 11 horas, só amanhã de manhã. E alem disso, mulher, tem outra coisa: minha mãe não dorme enquanto eu não chegar. Sou filho único, tenho minha casa prá olhar."
Filho único, maior ícone do samba paulistano, com ele não tinha conversa fiada. Um brinde silencioso a Você, grande Adoniram Barbosa.
Resposta humilde ao incentivo de Maria Fernandes Shu, com o tema " conversa fiada" .
"Nós viemos aquí pra beber ou prá conversar?" Era a pergunta com que interrompia o palavrório dos amigos no bar o João Rubinato, o "Charutinho" , poeta popular do Bexiga, da Bela Vista, de São Paulo, do Brasil.
Era um comercial de cerveja que se tornou clássico, em que conversa fiada não era admitida, só a circunspecção e o respeito a um copo suado que ele entornava sob o olhar submisso de um grupo de sedentos discípulos.
Fora da tela, sua voz rouca poucas palavras articulava, escassos sorrisos compartia, mas quando escrevia suas músicas dava prá entender porque ele não gostava de conversa fiada.
Ele repreendeu com "reiva" o "Arnesto" que, morando no então distante Brás, convidou para uma roda de samba e simplesmente esqueceu... " Da outra vez, noís num vai mais, nóis num semo tatú".
Amou demais a Iracema até que ela " travessou contra-mão" , recebeu tantas " frechadas" do seu olhar que o seu peito virou uma " táuba de tiro ao álvaro". Viveu a frustração de ver derrubada a " maloca querida, dindindonde nóis passemo dias feliz de nossa vida". E, ingênuo que era, perpetuou: " Deus dá o frio conforme o cobertor"
Ele definitivamente não jogava conversa fora. Era o gênio da objetividade, quando dizia : "Eu sou a lâmpida e as muié é as mariposa, que fica dando vórta em vórta de mim, só prá me beijá" .
Uma que outra vez, fazia poemas inigualáveis na sua simplicidade e emoção e não recorria ao Ítalo-Bexiguês, só prá contrariar:
" Vila Esperança, foi lá que eu conhecí Maria Rosa meu primeiro amor. Vila Esperança, onde tudo para mim era primeiro: primeira Rosa, primeira esperança, primeiro carnaval, primeiro amor, criança".
Mudou-se depois para outro bairro e explicou para sua namorada: " não posso ficar nem mais um minuto com Você. Sinto muito amor, mas não pode ser. Moro em Jaçanã e se eu perder esse trem que sai agora as 11 horas, só amanhã de manhã. E alem disso, mulher, tem outra coisa: minha mãe não dorme enquanto eu não chegar. Sou filho único, tenho minha casa prá olhar."
Filho único, maior ícone do samba paulistano, com ele não tinha conversa fiada. Um brinde silencioso a Você, grande Adoniram Barbosa.
Resposta humilde ao incentivo de Maria Fernandes Shu, com o tema " conversa fiada" .