Atrasados com pressa

Lembro-me que há algum tempo atrás os carros andavam livres pelas cidades e corriam fagueiros pelas estradas – Algumas repletas de terra – com o máximo de cuidado o qual podiam dispor.

Obviamente eram tempos difíceis e pouquíssimas pessoas tinham o seu automóvel; quero dizer, nada de comodidades, como vidros elétricos, descanso para cabeça e muito menos ainda, assistir um filminho enquanto se dirigia.

Enfim, pelo menos eles andavam morosos por conta do tempo; nesta época ele não se mostrava um tanto necessário para a maioria das pessoas. Hoje o que se vê é a pressa reverberando dentro dos corações das moças e mancebos os quais acabam tomando os dias e as horas como os seus piores inimigos; porem, maldade do destino, todos almejam e intentam serem lépidos ao mesmo tempo, fazendo com que nenhum de fato chegue aonde se quer.

Em verdade, no fim todos acabam se atrasando, e dentro de suas cabeças terminam plangendo um sentimento de frustração, dor, de revolta; talvez por conta disto, alguns destes “atrasados apressados”, compram e adquirem cada vez mais carros com maior potência, maior força, maior velocidade. Tudo isto inútil no fim, posto nada adianta se ter um carro de corrida, quando a pista está tomada e cheia.

Ironia, santa ironia, quando olhamos no espelho do automóvel, e vemos o passado, época a qual ninguém tinha o mínimo de pressa, e mesmo assim rapidamente se chegava donde se queria. E hoje, quando olhamos á frente, se constata outros, e mais outros seres , fumegando, soltando pútridas fumaças de densa nevoa, apregoando não apenas o ar, mas sim o respirar de quem passa, e também daquele que por lá vive; no tentar chegar cada vez mais cedo onde se destina.

Ironias do destino é o que se pensa, quando sentimos no intimo do ser uma incontível pressa, e infelizmente não podemos avançar adiante com mais ímpeto e lépidez.

Talvez devêssemos em vez de olhar para atrás, ou mesmo para frente, fazer como o desesperado, de ver tantos outros carros parados na pista, que ergue as mãos ao alto, para depois se refrigerar. Refrigério.

É o que de fato necessitamos...

-Vindo d’O Altíssimo.